ROMA, 22 JUN (ANSA) – O papa Leão XIV celebrou neste domingo (22) a missa do Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo, no átrio da Basílica de São João de Latrão, em Roma, e recordou os povos afetados pela fome e a “ganância alheia”.
“Diante da pobreza de muitos, a acumulação de poucos é sinal de uma soberba indiferente, que produz dor e injustiça. Em vez de partilhar, a opulência desperdiça os frutos da terra e do trabalho do homem”, declarou o religioso, durante a homília na celebração de Corpus Christi.
Perante cerca de 20 mil fiéis, Robert Prevost fez uma reflexão sobre uma passagem do Evangelho de São Lucas que narra o milagre dos pães e dos peixes, com que Jesus alimenta uma multidão que o seguia.
“Jesus age segundo o estilo de Deus, ensinando a fazer o mesmo.
Hoje, no lugar das multidões recordadas no Evangelho estão povos inteiros, humilhados pela ganância alheia mais ainda do que pela própria fome”, advertiu.
O Santo Padre recordou ainda a celebração do Jubileu, convocado pelo papa Francisco, sobre o tema da esperança. “Especialmente neste ano jubilar, o exemplo do Senhor continua a ser para nós um critério urgente de ação e serviço: partilhar o pão, para multiplicar a esperança, proclama o advento do Reino de Deus”, afirmou.
Em sua primeira celebração do Corpo de Deus como líder da Igreja Católica, o norte-americano enfatizou que “a compaixão de Jesus pelos sofredores manifesta a amorosa proximidade de Deus”.
Segundo Leão XIV, “justamente quando o sol se põe e a fome aumenta, enquanto os próprios apóstolos pedem para despedir a multidão, Cristo surpreende-nos com a sua misericórdia”.
“Ele tem compaixão do povo faminto e convida os seus discípulos a cuidar dele: a fome não é uma necessidade alheia ao anúncio do Reino e ao testemunho da salvação”, destacou.
Para o Pontífice, com Jesus “há tudo o que é necessário para dar força e sentido” à vida. “Ao salvar as multidões da fome, Jesus anuncia que salvará todos da morte. Este é o mistério da fé, que celebramos no sacramento da Eucaristia. Assim como a fome é sinal da nossa radical indigência de vida, assim também partir o pão é sinal do dom divino de salvação”, sustentou.
No término da celebração, uma grande multidão de fiéis, juntamente com cardeais, bispos e padres, acompanhou a procissão eucarística do Papa que, sob o pálio, desfilou a pé pela Via Merulana carregando o Santíssimo Sacramento na mão em direção à Basílica de Santa Maria Maggiore.
Ao chegar na Basílica de Santa Maria Maggiore, Leão XIV terminou a procissão eucarística de Corpus Christi e concedeu a bênção solene à multidão de fiéis. Prevost demonstrou certa resistência física, ao percorrer todo o percurso segurando o Santíssimo e exibindo-o aos fiéis. Fazia vários anos que um Papa não era visto caminhando na procissão.
Nos últimos anos, a celebração, tradicional na cidade de Roma, havia sido suspensa durante a pandemia de Covid-19 e, posteriormente, também teve sua programação alterada devido às dificuldades de locomoção do papa Francisco. (ANSA).