VATICANO, 23 AGO (ANSA) – O papa Francisco recebeu nesta sexta-feira (23), em audiência privada, na Biblioteca do Palácio Apostólico, o ex-agricultor italiano Beniamino Zuncheddu, absolvido em janeiro passado após ter permanecido 33 anos preso pelo massacre de Sinnai em 1991.   

A informação foi divulgada pelo Vatican News, que destaca que Zuncheddu foi detido aos 26 anos e hoje tem 60, mas não divulga mais detalhes sobre o encontro.   

De acordo com a publicação, o ex-agricultor escreveu um livro com o seu advogado, intitulado “Eu sou inocente”, no qual relata a trágica experiência que viveu por tanto tempo. Ele esteve em três prisões diferentes, às vezes compartilhando com 11 pessoas uma pequena cela, com grandes dificuldades até mesmo para se lavar e dormir.   

Zuncheddu destaca que esta foi “uma experiência desumana, mas durante a qual pôde ajudar quem estava em pior situação do que a sua”.   

O ex-agricultor relata ainda que encontrou forças para resistir, confiando em Deus e pensando na família. Além disso, garante que perdoou quem o havia indicado como o autor dos múltiplos homicídios, retratando depois suas acusações.   

O ataque nas montanhas de Sinnai, em Cagliari, aconteceu em janeiro de 1991. Na ocasião, um homem desceu de uma scooter e iniciou os disparos contra vários agricultores, tendo matado três pessoas e deixado um ferido. O ataque teria acontecido em função de uma rixa entre duas famílias.   

Luigi Pinna, marido da filha de uma das vítimas, acusou Zuncheddu de ter sido o autor da chacina. Antes de afirmar que o ex-agricultor foi o responsável pelo ataque, a testemunha havia dito que não tinha reconhecido o agressor, já que ele usava uma meia para cobrir o rosto.   

A defesa do réu sempre acreditou que Pinna havia sido influenciado durante a investigação preliminar por um policial chamado Mario Uda. Essa versão foi confirmada recentemente pela própria testemunha. (ANSA).