VATICANO, 17 NOV (ANSA) – O papa Leão XIV recebeu nesta segunda-feira (17), no Vaticano, a Conferência Episcopal Espanhola (CEE), em uma visita marcada pela recente abertura de uma investigação preliminar contra um bispo espanhol por suposto abuso sexual.
Trata-se do religioso Rafael Zornoza, bispo de Cádiz e Ceuta, que é acusado de abuso sexual contra pelo menos um menor na década de 1990, período em que atuava como sacerdote e diretor do seminário maior de Getafe, em Madri.
Zornoza é o primeiro bispo espanhol a ter publicamente confirmada uma investigação do Vaticano relacionada a alegações de abuso.
A delegação espanhola foi liderada pelo presidente da CEE, monsenhor Luis Arguello, e incluiu o arcebispo de Madri, José Cobo, de Madri, e o bispo auxiliar de Toledo, Francisco César Magán, que integram a Comissão Executiva.
O grupo atualizou o Santo Padre sobre a situação da Igreja no país e o convidou para visitar a Espanha. Arguello expressou sua esperança de que a viagem ocorra “talvez em breve”.
“Convidamos o papa Leão XIV para visitar a Espanha. E podemos dizer que, logicamente, não podemos confirmar uma visita, pois é a Santa Sé que anuncia suas viagens, mas saímos esperançosos de que esta visita à Espanha possa acontecer, talvez em breve”, declarou o religioso à imprensa.
Segundo Arguello, a visita permitiria ao Papa conhecer “algumas das realidades da Igreja espanhola in loco”. Entre as opções avaliadas estão Madri, as Ilhas Canárias ? anteriormente consideradas pelo falecido papa Francisco em relação à questão dos migrantes ? e até Barcelona, para a conclusão da Sagrada Família.
O encontro no Vaticano havia sido solicitado pelos bispos em maio e confirmado oficialmente em agosto. Por conta da visita, a CEE adiou o início da 128ª Assembleia Plenária dos Bispos Espanhóis, originalmente prevista para 18 a 21 de novembro, em Madri.
Nos últimos dias, Arguello já havia manifestado “pesar” pela investigação em curso contra Zornoza, reconhecendo que a decisão do Vaticano de abrir um procedimento preliminar confere “credibilidade” às denúncias. O presidente da CEE reiterou, contudo, o respeito à presunção de inocência do bispo, que suspendeu sua agenda oficial, mas não foi afastado do cargo.
Durante a assembleia plenária, Arguello informou a Robert Prevost sobre a situação de Zornoza: “O Santo Padre, que obviamente está ciente disso, não nos disse mais nada”, mas “fomos informados, embora não pelo Santo Padre, que sua renúncia poderá ser aceita em breve”.
Além disso, os bispos abordaram o relatório anual da Comissão Consultiva do “Plano de Reparação Integral às Vítimas de Abuso Sexual” (PRIVA), divulgado em setembro, que registrou 89 pedidos de indenização no último ano, segundo informou a CEE. (ANSA).