Papa pede olhar atento contra indiferença no ‘Dia dos Migrantes’

VATICANO, 18 DEZ (ANSA) – Por ocasião do “Dia Internacional dos Migrantes”, o papa Francisco recordou a data neste sábado (18) com uma mensagem em prol de um olhar mais atento ao sofrimento dos refugiados e pediu para os fiéis reagirem contra a indiferença.   

“Olhemos nos olhos as pessoas descartadas que encontramos, deixemo-nos provocar pelos rostos das crianças, filhos de migrantes desesperados. Deixemos que o sofrimento deles escave dentro de nós para reagirmos à nossa indiferença”, diz a mensagem do Pontífice no Twitter, acompanhada da hashtag #MigrantsDay.   

A luta contra a crise migratória é um dos temas mais defendidos por Jorge Bergoglio, que tenta chamar a atenção da comunidade internacional para o assunto.   

Em 2013, ano em que foi escolhido como Papa, o argentino fez sua primeira viagem, dentro da Itália, à ilha de Lampedusa, destino marcado por um intenso fluxo migratório e que sofreu, na época, com sucessivos naufrágios com migrantes a bordo.   

Recentemente, em sua viagem ao Chipre e Grécia, Francisco visitou refugiados na ilha de Lesbos e retomou o olhar sobre a problemática da migração no Mediterrâneo.   

“Não permitamos que este mar das memórias se transforme no mar do esquecimento. Por favor, paremos este naufrágio da civilização”, pediu na ocasião.   

Além disso, 50 migrantes acolhidos pelo Chipre serão transferidos para Roma, capital da Itália, em uma ação financiada pela Igreja Católica a pedido do Papa.   

Dados – Segundo relatório divulgado pela ONG Save the Children, com base nos dados da Organização Internacional para as Migrações (OIM), “mais de 1.315 pessoas foram mortas e desaparecidas de janeiro a início de novembro deste ano no Mediterrâneo central em uma tentativa de chegar à Europa e 28.600 migrantes foram interceptados no mar e levados de volta pela Guarda Costeira da Líbia”.   

“Não podemos virar para o outro lado diante das políticas desumanas de uma Europa que ignora o sofrimento de homens, mulheres, meninas e crianças em suas fronteiras”, disse Raffaela Milano, diretora do programa Itália-Europa, da “Save the Children”.   

A ONG destaca ainda as “crianças mortas oprimidas pelas águas ao tentarem atravessar um rio entre a Croácia e a Eslovênia ou pela fome e pelo frio na floresta na fronteira entre a Belarus e a Polônia”.   

“Homens, mulheres e crianças, que fugiram de guerras, conflitos, pobreza extrema, na miragem de um futuro de paz, que atravessou países e continentes para encontrar apenas fronteiras blindadas por muros e arame farpado, afastadas por canhões de água, granadas de atordoamento e gás lacrimogêneo”, lembrou Milano.   

Por fim, a diretora italiana explicou que “não queremos que as vidas das crianças e das suas famílias sejam usadas como moeda de troca e não queremos uma Europa onde a violência, os abusos e as mortes sejam considerados danos colaterais”. (ANSA)