ROMA, 8 MAR (ANSA) – O superior-geral dos jesuítas, o padre venezuelano Arturo Sosa Abascal, afirmou nesta quarta-feira (8) que a “política dos muros é por um lado desumano e por outro inútil” em crítica à política antimigratória do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.   

Em entrevista à ANSA, Abascal ressaltou que o anúncio da construção de um muro na fronteira dos EUA com o México e o decreto que proíbe a entrada de cidadãos de seis países muçulmanos ao país vai “contra os valores dos norte-americanos e dos valores cristãos”.   

Além disso, a última medida proposta por Trump sobre a possibilidade de separar os filhos de suas mães que ingressam irregularmente nos EUA “é contra a raiz da sociedade, e principalmente da humanidade”.   

Para o venezuelano de 68 anos, eleito no último dia 14 de outubro pela 36ª congregação geral dos jesuítas como o 30º sucessor de Inácio de Loyola, Trump busca “aproveitar estes temores e incertezas para ter um reconhecimento na história dos Estados Unidos”.   

“Buscamos medir qual é a contribuição dos mexicanos, dos trabalhadores mexicanos, das famílias mexicanas para a economia dos Estados Unidos. Penso que deveria ser ao contrário, abrir o muro e agradecer, agradecer a uma sociedade que é capaz de compartilhar tudo isso e de melhorar a vida do outro”.   

Abascal ainda disse que “tentar identificar o Islam com o terrorismo é uma loucura”. Segundo ele, há milhões de muçulmanos de boa fé e “terroristas há de religiões muçulmanas, ateus e também cristãos”.   

“Fazer essa relação entre uma religião com o terrorismo me parece que é realmente uma manipulação de um fenômeno tão complexo de terrorismo neste momento no mundo”, acrescentou o jesuíta. “Muitas pessoas que pedem asilo, que chegam a pé às fronteiras, que atravessam o Mediterrâneo, arriscam a vida e muitos a perdem. Não sabemos quantos mil há no fundo do mar”, finalizou Abascal. (ANSA)