VATICANO, 30 MAI (ANSA) – O papa Leão XIV voltou a apelar pela paz nesta sexta-feira (30), pedindo a renúncia à vingança, a criação de instituições contra a violência e para que todos denunciem as injustiças.
Durante audiência com movimentos e associações pela paz, no Vaticano, o líder da Igreja Católica defendeu que “a não violência como método e como estilo deve pautar nossas decisões, nossas relações e nossas ações”.
“Quando aqueles que sofreram injustiças e as vítimas da violência sabem resistir à tentação da vingança, tornam-se os protagonistas mais credíveis dos processos não violentos de construção de paz”, afirmou.
Robert Francis Prevost explicou ainda que há muita violência no mundo, nas sociedades e, “diante de guerras, terrorismo, tráfico de pessoas, agressões generalizadas, crianças e jovens precisam de experiências que os eduquem para a cultura da vida, do diálogo, do respeito mútuo”. “E, antes de tudo, precisam de testemunhas de um estilo de vida diferente, não violento”, alertou.
O Pontífice norte-americano agradeceu aos movimentos pela paz que, no ano passado, em Verona, promoveram o encontro “Arena de paz”, com o papa Francisco, cuja morte ocorreu em 21 de abril passado, lembrando que não se pode “esquecer o abraço corajoso entre o israelense Maoz Inon, cujos pais foram mortos pelo Hamas, e o palestino Aziz Sarah, cujo irmão foi morto pelo Exército israelense, e que agora são amigos e colaboradores”.
Segundo ele, “esse gesto permanece como um testemunho e um sinal de esperança”. Prevost ainda reforçou que, para Francisco, “a construção da paz começa por tomar o partido das vítimas, partilhando o seu ponto de vista”.
“Esta perspectiva é essencial para desarmar corações, olhares, mentes e denunciar as injustiças de um sistema que mata e se baseia na cultura do descartável”, afirmou.
Leão XIV ressaltou que “o caminho para a paz requer corações e mentes treinados e formados para prestar atenção aos outros e capazes de reconhecer o bem comum no contexto atual”, principalmente porque este trajeto é “comunitário, passa pelo cuidado das relações de justiça entre todos os seres vivos”.
Além disso, indicou a construção da paz, no Evangelho e na Doutrina Social, como “uma bússola válida para todos”, porque é, de fato, uma tarefa confiada a todos, crentes e não crentes, que devem desenvolvê-la e colocá-la em prática por meio da reflexão e da prática inspiradas na dignidade da pessoa e no bem comum.
De acordo com o Santo Padre, se todos querem a paz, precisam preparar instituições de paz, principalmente porque “a comunidade está cada vez mais consciente de que não se trata apenas de instituições políticas, nacionais ou internacionais, mas sim do conjunto de instituições – educacionais, econômicas, sociais”.
Leão XIV lembrou então a encíclica “Fratelli tutti”, de Bergoglio, onde “o apelo à necessidade de construir um ‘nós’ retorna muitas vezes, o que deve ser traduzido também em nível institucional”, e encorajou todos a estarem “comprometidos e presentes” na massa da história como fermento de unidade, de comunhão, de fraternidade.
“A fraternidade precisa ser descoberta, amada, vivida, anunciada e testemunhada, na esperança confiante de que é possível graças ao amor de Deus”, destacou ele.
Por fim, citou o papa João Paulo II, enfatizando que a “paz é um bem indivisível, ou pertence a todos ou não pertence a ninguém” e destacando que “é necessária uma determinação firme e perseverante de se comprometer com o bem comum”.
“Em uma época como a nossa, marcada pela rapidez e pelo imediatismo, devemos redescobrir os longos tempos necessários para que esses processos aconteçam”, concluiu. (ANSA).