Leão XIV faz alerta contra reduzir Jesus a um ‘super-homem’ em 1ª missa como papa

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Papa Leão XIV durante uma missa com cardeais na Capela Sistina Foto: VATICAN MEDIAAFP

O recém-eleito papa Leão XIV celebrou, na manhã desta sexta-feira, 9, sua primeira missa como pontífice, na Capela Sistina, no Vaticano. Durante a celebração, Leão XIV fez um alerta contra a ideia de reduzir a figura de Jesus a um “líder carismático ou a super-homem”, em uma aparente mensagem aos cristãos evangélicos em sua primeira missa como líder da Igreja Católica. “Ainda hoje, não faltam contextos nos quais Jesus, embora apreciado como homem, é simplesmente reduzido a uma espécie de líder carismático ou super-homem, e isto não apenas entre os não crentes, mas também entre muitos batizados, que acabam por viver, a este nível, num ateísmo prático”, afirmou.

Assista abaixo à missa completa:

Sob os afrescos de Michelangelo, o norte-americano de 69 anos presidiu uma cerimônia com os cardeais da Igreja, tanto os 133 cardeais eleitores que o escolheram como sucessor do papa Francisco quanto aqueles com mais de 80 anos que não eram elegíveis para participar do conclave.

O pontífice também lamentou o declínio da fé em favor do “dinheiro”, do “poder ou do prazer” e pediu que a Igreja Católica seja um “farol que ilumina as noites do mundo”.

“Ainda hoje não faltam contextos em que a fé cristã é considerada uma coisa absurda, para pessoas fracas e pouco inteligentes; contextos em que em vez dela se preferem outras seguranças, como a tecnologia, o dinheiro, o sucesso, o poder e o prazer”, disse o pontífice americano-peruano em sua primeira homilia como papa.

Além da missa desta sexta, o novo pontífice recitará a oração do Regina Coeli na sacada central da Basílica de São Pedro, no próximo domingo (11), às 12h (horário local), destacou o porta-voz do Vaticano.

Já na segunda-feira (12), às 10h, o papa Leão XIV se reunirá na Aula Paulo VI com todos os operadores de mídia credenciados na Sala de Imprensa da Santa Sé que cobriram os eventos das últimas semanas.

Quem é Robert Prevost, o primeiro papa americano

Pouco mais de uma hora após a fumaça branca sair da chaminé da Capela Sistina, Robert Prevost foi anunciado como o novo líder da Igreja Católica. Trata-se do primeiro papa americano da história e o nome adotado para o papado será Leão XIV.

Prevost tem 69 anos e seu perfil é visto como equilibrado, com reputação por construir pontes entre conservadores e progressistas – o que pode vir a calhar em um momento em que a igreja se encontra dividida.

Ao mesmo tempo, ele tem projeção global e ocupa um dos cargos mais influentes da Santa Sé: o de prefeito do Dicastério para os Bispos, que aconselha o papa sobre a nomeação de líderes da igreja, ao qual foi nomeado em 2023 pelo papa Francisco.

Histórico, posições e nacionalidade peruana

Nascido em 1955 em Chicago, nos Estados Unidos, em uma família de origens europeias, Prevost também tem nacionalidade peruana por ter vivido por quase duas décadas no país andino, onde iniciou a carreira como missionário agostiniano e chegou a bispo.

Apesar da proximidade do último papa, considerado progressista, ele tem formação em direito canônico pela Pontifícia Universidade de Santo Tomás de Aquino, o que pode agradar setores da igreja que privilegiam uma abordagem centrada na teologia.

Além de prefeito dos bispos, Francisco também o nomeou presidente da Pontifícia Comissão para a América Latina, voltada ao estudo de questões referentes à vida e ao desenvolvimento da igreja na região.

Segundo reportagem do jornal The New York Times, Prevost foi elogiado por ter apoiado imigrantes venezuelanos e visitado comunidades remotas no Peru.

Por outro lado, expressou no passado visões menos acolhedoras do que as do papa Francisco em relação a pessoas LGBTQIA+ e, como bispo em Chiclayo, no Peru, se opôs a um plano do governo local para incluir ensinamentos sobre gênero nas escolas.

Foi também criticado por sua condução de casos em que padres foram acusados de abuso sexual. O jornal afirma que não teve sucesso em contactar o cardeal sobre as críticas.

Prevost comentou sobre a responsabilidade dos bispos na luta contra os abusos na igreja em uma entrevista ao Vatican News, em 2023. “Não podemos fechar o coração, a porta da Igreja, às pessoas que sofreram por abusos. A responsabilidade do bispo é grande e acho que ainda temos que fazer esforços consideráveis para responder a esta situação que causa tanta dor na Igreja”, disse.

* Com informações da Ansa e AFP