VATICANO, 21 AGO (ANSA) – O papa Leão XIV alertou nesta quinta-feira (21) que é preciso abandonar “a idolatria do lucro” que compromete a justiça e a paz, lembrando da “dor inocente”.
A declaração consta em uma mensagem enviada para a 46ª edição do Meeting 2025 promovido por “Comunhão e Libertação”, que começa amanhã (22) em Rimini, pelo secretário de Estado, cardeal Pietro Parolin, em nome do Pontífice.
De acordo com ele, os diálogos entre católicos de diferentes sensibilidades e com fiéis de outras confissões “são importantes exercícios de escuta que preparam ‘novos tijolos'”.
Na mensagem, Parolin lembrou que Prevost recomendou recentemente aos bispos italianos que “promovam programas de educação para a não violência, iniciativas de mediação em conflitos locais e projetos de acolhimento que transformem o medo do outro em oportunidades de encontro”.
Citando os documentos do papa Francisco (“Evangelii Gaudium” e “Fratelli Tutti”), o líder da Igreja Católica enfatizou que “sem as vítimas da história, sem aqueles que têm fome e sede de justiça, sem os pacificadores, sem as viúvas e os órfãos, sem os jovens e os idosos, sem os migrantes e os refugiados, sem o clamor de toda a criação, não teremos tijolos novos”.
“A presença dos cristãos nas sociedades contemporâneas, desarmada e desarmante, deve traduzir, com habilidade e imaginação, o Evangelho do Reino em formas de desenvolvimento que sejam alternativas a caminhos de crescimento desprovidos de equidade e sustentabilidade”, afirmou.
Leão XIV reforçou ainda que “a idolatria do lucro, que compromete gravemente a justiça, a liberdade de encontro e de troca, a participação de todos no bem comum e, em última análise, a paz, deve ser abandonada”.
“Não segue Cristo uma fé que se estranha da desertificação do mundo ou que, indiretamente, contribui para tolerá-la”, afirmou.
Fazendo uma referência à inteligência artificial, o religioso enfatizou que “a revolução digital em curso corre o risco de acentuar a discriminação e o conflito”.
“Não podemos mais nos permitir de resistir ao Reino de Deus, que é um reino de paz. E onde os responsáveis pelas instituições estatais e internacionais parecem incapazes de fazer prevalecer o direito, a mediação e o diálogo, as comunidades religiosas e a sociedade civil devem ousar profetizar”, escreveu.
Segundo Robert Prevost, “isso significa nos deixar levar para o deserto e ver agora o que pode surgir dos escombros de tanta demasiada dor inocente”. Para ele, é preciso traduzir o Evangelho “em formas alternativas de desenvolvimento aos caminhos de crescimento sem equidade e sustentabilidade”.
Além disso, “apreciou que uma das exposições que caracterizam o Meeting deste ano seja dedicada ao testemunho dos mártires da Argélia”, principalmente porque “neles resplandece a vocação da Igreja de habitar o deserto em profunda comunhão com toda a humanidade, superando os muros da desconfiança que opõem religiões e culturas”. (ANSA).