Papa lamenta situação de Gaza e ‘feridas abertas das guerras’

VATICANO, 25 DEZ (ANSA) – O papa Leão XIV condenou as “feridas abertas” deixadas pelas guerras e lamentou a situação da população da Faixa de Gaza em sua primeira missa do dia de Natal como líder da Igreja Católica, celebrada nesta quinta-feira (25).   

A homilia na Basílica de São Pedro, no Vaticano, recupera uma tradição interrompida em 1994, ainda na gestão de João Paulo II, já que, desde então, o serviço religioso da manhã de 25 de dezembro costumava ser confiado a um cardeal da Cúria Romana.   

“Frágil é a carne das populações indefesas, provadas por tantas guerras em curso ou concluídas, deixando escombros e feridas abertas. Frágeis são as mentes e as vidas de jovens obrigados a pegar em armas, que percebem na frente de batalha a insensatez do que lhes é exigido e a mentira de que estão embebidos os discursos inflamados daqueles que os enviam para a morte”, disse Leão XIV durante a missa.   

O Papa ainda lamentou a situação nas “tendas de Gaza, expostas durante semanas à chuva, ao vento e ao frio”, e também naquelas de “tantos outros deslocados e refugiados em todos os continentes” e nos refúgios improvisados de milhares de pessoas sem abrigo dentro das nossas cidades”.   

Robert Prevost ainda acrescentou que “muitos irmãos e irmãs” foram “despojados de sua dignidade e reduzidos ao silêncio” e alertou que a “carne humana pede cuidados, invoca acolhimento e reconhecimento, procura mãos capazes de ternura e mentes dispostas à atenção e deseja palavras bonitas”.   

“É um verdadeiro poder o de nos tornarmos filhos de Deus: um poder que permanece enterrado enquanto estivermos distantes do choro das crianças e da fragilidade dos idosos, do silêncio impotente das vítimas e da melancolia resignada de quem faz o mal que não quer”, salientou o Papa, antes de citar o “amado papa Francisco”, morto em 21 de abril de 2025: “Às vezes sentimos a tentação de ser cristãos, mantendo uma prudente distância das chagas do Senhor. Mas Jesus quer que toquemos a miséria humana, que toquemos a carne sofredora dos outros”.   

Segundo Leão XIV, só haverá paz “quando os nossos monólogos se interromperem e, fecundados pela escuta, cairmos de joelhos diante da carne despojada do outro”. “Não estamos a serviço de uma palavra prepotente, mas de uma presença que suscita o bem, conhece a sua eficácia e não reivindica o seu monopólio”, disse.   

Após a missa, o pontífice americano surpreendeu os fiéis e deu uma volta de papamóvel pela Praça São Pedro sob chuva, onde muitos acompanhavam a homilia por meio de telões. (ANSA).