O papa Francisco enviou uma mensagem nesta terça-feira (27) para diversos órgãos europeus, em ocasião de diversas comemorações, em que reafirma o papel desempenhado pela Europa no mundo e em que diz sonhar com um continente laico.

“Eu sonho com uma Europa saudavelmente laica, em que Deus e César sejam diferentes, mas não sobrepostos. Uma terra aberta à transcendência, na qual o crente é livre para professar publicamente a sua fé e de propor o próprio ponto de vista na sociedade. Acabaram os tempos de confessionalismo, mas – espera-se – também aquilo de um certo laicismo que fecha portas para os outros e sobretudo para Deus, porque é evidente que uma cultura ou um sistema político que não respeite a abertura à transcendência, não respeita adequadamente a pessoa humana”, disse.

As mensagens enviadas pelo Pontífice através de seu secretário de Estado, cardeal Pietro Parolin, tinham como objetivo celebrar os 40 anos da Comissão dos Episcopados da União Europeia, os 50 anos das relações diplomáticas entre a Santa Sé e a União Europeia e o 50º aniversário da presença do Vaticano como um Observador Permanente no Conselho Europeu.

Falando sobre a pandemia do coronavírus Sars-CoV-2, o líder católico destacou o “papel central” do Velho Continente e destacou que ele se tornou “ainda mais relevante” durante a crise sanitária da Covid-19.

“O projeto europeu surge, de fato, como vontade de por fim às divisões do passado. Nasce da consciência que juntos e unidos somos mais fortes, de que a unidade é superior ao conflito e de que a solidariedade pode ser um estilo de construção da história, um âmbito vital onde os conflitos, as tensões e os opostos atingem uma pluriforma única que gera uma nova vida”, ressaltou ainda.

Reforçando o que vem dizendo nos últimos meses em suas celebrações, Francisco pontuou que a pandemia foi um “divisor de águas” em uma sociedade que estava mais preocupada apenas consigo mesmo do que com a vida em comunidade.

“Ela foi um divisor de águas que nos obriga a fazer uma escolha: ou se procede no caminho adotado na última década, animado pela tentação da autonomia, andando em direção a crescentes incompreensões, contraposições e conflitos; ou se redescobre aquele caminho da fraternidade, que sem dúvida inspirou e animou os pais fundadores da Europa moderna”, pontuou em sua mensagem.

Jorge Mario Bergoglio ainda fez um apelo para que haja mais união entre os países europeus nesse momento e para o futuro.

“Europa, reencontre a si mesma! Reencontra seus ideais que tem raízes profundas em você mesma. Não tenha medo da sua história milenar que é uma janela mais sobre o futuro do que o seu passado. Não tenha medo da sua necessidade de verdade que, desde a antiga Grécia abraçou a terra, colocando luz sobre as interrogações mais profundas de cada ser humano; da sua necessidade de justiça que se desenvolveu do direito romano e que se tornou, com o tempo, o respeito por cada ser humano e por seus direitos; da tua necessidade de eternidade, enriquecido pelo encontro entre a tradição judeu-cristã, que se reflete na tua herança de fé, de arte e de cultura”, destacou. (ANSA).