O papa Francisco criará no sábado 21 novos cardeais, incluindo cinco latino-americanos, que em sua maioria poderão votar para definir o sucessor do jesuíta argentino ou tornar-se o novo pontífice.

A cerimônia, oficialmente chamada consistório, que acontecerá no sábado (30) na Praça de São Pedro do Vaticano, será a nona do papado de Francisco desde sua eleição em 2013.

O evento será acompanhado por analistas em busca de indícios sobre o rumo da Igreja, devido à idade avançada de Francisco (86 anos), que não descarta a possibilidade de renunciar ao cargo, como fez seu antecessor Bento XVI, em caso de declínio de seu estado de saúde.

Francisco, o primeiro papa das Américas, incluiu na lista cinco cardeais latino-americanos, mas apenas três serão eleitores em um conclave.

Três deles são argentinos: monsenhor Víctor Manuel Fernández, prefeito do poderoso Dicastério para a Doutrina da Fé; Ángel Sixto Rossi, arcebispo de Córdoba; e Luis Pascual Dri, confessor no Santuária de Nossa Senhora de Pompeia que, por ter mais de 80 anos, não poderá participar em um eventual conclave.

Os outros dois latino-americanos são o arcebispo de Bogotá, o colombiano Luis José Rueda Aparicio, e o venezuelano Diego Rafael Padrón Sánchez, arcebispo emérito de Cumaná, que também supera o limite de idade.

Durante o pontificado, Francisco trabalha para promover o clero de países em desenvolvimento e distantes de Roma, como parte da sua filosofia de diversidade e inclusão. Também defende uma Igreja mais tolerante, com atenção especial aos pobres e marginalizados.

Após o consistório, a Igreja Católica terá 137 cardeais eleitores, 73% deles (99) nomeados por Jorge Bergoglio, enquanto 21% foram criados por Bento XVI e 6% por João Paulo II.

– Pompa e tradição –

Como é habitual, os futuros cardeais ajoelharão diante do pontífice para receber o capelo cardinalício, cuja cor vermelho escarlate evoca o sangue derramado por Cristo na cruz.

Francisco também entregará o anel de cardeal, que substitui o anel episcopal que recebem como bispos.

Depois da cerimônia acontecerá a tradicional “visita de cortesia”, na qual o público é convidado a saudar os novos cardeais nos salões dourados do Palácio Apostólico.

Considerados tradicionalmente os “príncipes” da Igreja Católica Romana, os cardeais são os principais conselheiros e administradores do pontífice.

Alguns lideram departamentos dentro da Cúria Romana, o governo da Santa Sé, mas a maioria trabalha em seus países.

– “Universalidade” –

Fiel ao princípio de “universalidade” da Igreja, o pontífice jesuíta também olha para outras “periferias” do catolicismo, onde o número de fiéis aumenta, como África ou Ásia.

Entre os novos escolhidos há clérigos de duas áreas geopoliticamente delicadas: o patriarca latino de Jerusalém, a principal autoridade católica na Terra Santa, e o bispo de Hong Kong, crucial para tentar melhorar as relações do Vaticano com a China comunista.

A nova lista de cardeais também inclui os arcebispos de Juba (Sudão do Sul), Cidade do Cabo (África do Sul) e Tabora (Tanzânia).

“Isto significa que o papa quer estar cercado por pessoas dotadas de uma experiência do mundo global, não apenas por setor de especialização”, declarou à AFP o vaticanista italiano Marco Politi.

Mas o clero europeu, onde o catolicismo está em declínio, continuará fortemente representado.

Os novos cardeais incluem o prelado suíço que atua como núncio apostólico da Santa Sé na Itália, o arcebispo de Lodz (Polônia) e o arcebispo de Madri, monsenhor José Cobo Cano.

O mais jovem na lista é o arcebispo de Setúbal (Portugal), que recentemente organizou a Jornada Mundial da Juventude em Lisboa.

Américo Aguiar, 49 anos, será o segundo integrante mais jovem do Colégio de Cardeais, atrás apenas do prefeito apostólico em Ulan Bator (Mongólia), Giorgio Marengo, seis meses mais jovem.

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