BUENOS AIRES, 12 MAR (ANSA) – Por Alejandro Di Giacomo – O papa Francisco “propôs uma Igreja mais aderente ao espírito do Evangelho, abrindo suas portas e levando-a ao povo”, disse à ANSA José María Di Paola, conhecido nos bairros mais pobres da Argentina como “padre Pepe”.
Entrevistado por ocasião do 10º aniversário do pontificado de Jorge Mario Bergoglio, o sacerdote assegurou que Francisco introduziu também “uma forma totalmente nova de transmitir a fé”.
Quando o atual Papa era arcebispo de Buenos Aires, padre Pepe era seu braço direito e sua referência nos bairros pobres da Argentina.
Nascido nos subúrbios de Buenos Aires e sempre envolvido nas zonas mais esquecidas, onde a pobreza extrema e as drogas têm um impacto maior nos jovens, Di Paola foi responsável pela paróquia da “Villa 21”, a maior da capital argentina, durante 13 anos.
Para o padre Pepe, as posições e reformas de Bergoglio, que em muitos casos sacudiram o universo católico, representam um aspecto positivo. “Francisco conseguiu lançar as bases de uma Igreja mais aberta aos outros, e isso gerou novas reformas e estratégias, e inclusive introduziu formas mais eficazes de testemunhar a fé na vida cotidiana”, disse o sacerdote argentino.
Em consonância com essa missão pastoral, Di Paola criou em 2008 a Fundação Lares de Cristo, um programa de recuperação para adolescentes e jovens com dependência química. Com 15 anos de existência, o projeto já conta com 250 centros de atendimento em todo o país.
“Quando Jorge Bergoglio foi nomeado arcebispo de Buenos Aires”, recordou padre Pepe, “imediatamente entrou em sintonia com os sacerdotes que trabalhavam nos subúrbios e viviam em bairros desfavorecidos para testemunhar o Evangelho e realizar obras sociais”.
“Ele acompanhou esse processo e foi um homem e bispo muito presente”, disse Di Paola, hoje com 60 anos e que no passado recebeu ameaças de morte de narcotraficantes, tanto que teve de deixar Buenos Aires.
A pobreza, que atinge 40% da população argentina, era uma preocupação permanente do pontífice, e seu apoio aos párocos das periferias era ininterrupto, segundo o sacerdote.
Esse apoio levou à criação do vicariato para a pastoral dos bairros mais desfavorecidos, cuja gestão foi confiada a Di Paola.
O sacerdote destacou a importância do trabalho doutrinal de Francisco, resumido nas encíclicas Lumen Fidei (2013), Laudato Si (2015) e Fratelli Tutti (2020).
“Através delas, ele nos ensina que uma sociedade não tem sentido se não olharmos para o próximo, se o próximo não for considerado um irmão”, declarou. (ANSA).