VATICANO, 24 DEZ (ANSA) – O papa Francisco celebrou na noite desta quinta-feira (24), na Basílica de São Pedro, Vaticano, a missa do Natal do Senhor, durante a qual pediu para os fiéis “não desanimarem” perante as dificuldades.

A “missa do galo” foi realizada duas horas mais cedo que o habitual por causa do toque de recolher em vigor na Itália, que proíbe deslocamentos após as 22h. Francisco costumava fazer a celebração às 21h30 (horário local), mas em 2020 a missa começou às 19h30, algo inédito no Vaticano.

A presença de fiéis também foi bastante limitada, com cerca de 200 pessoas ocupando os bancos de uma basílica capaz de receber até 7 mil indivíduos.

“Irmã, irmão, não desanimem. Você tem a tentação de sentir-se errado? Deus te diz: ‘Não, você é meu filho!’ Tem a sensação de que não vai conseguir, o temor de ser inadequado, o medo de não sair do túnel do desafio? Deus te diz: ‘Coragem, estou com você'”, afirmou o Papa.

A mensagem é propícia para um Natal diferente. Enquanto dezenas de milhares de pessoas vivem essa data sem algum ente querido morto pela Covid-19, famílias mundo afora preferiram evitar grandes festas e aglomerações para não se tornar vetor da doença.

“Somos filhos amados. É esse o coração indestrutível de nossa esperança, o núcleo incandescente que sustenta a existência. Sob nossas qualidades e nossos defeitos, mais forte que as feridas e os fracassos do passado, que os medos e inquietações pelo futuro, existe essa verdade: somos filhos amados”, afirmou Francisco.

Em sua homilia, Jorge Bergoglio ainda alertou que, muitas vezes, “famintos por divertimento, sucesso e mundanidade, alimentamos a vida com comidas que não tiram a fome e nos deixam um vazio”.

“Insaciáveis por ter, nos lançamos em muitas manjedouras de vaidade, esquecendo a manjedoura de Belém. […] Nós falamos muito, mas frequentemente somos analfabetos em bondade”, acrescentou.

Segundo Francisco, “Deus nasceu menino para nos incentivar a cuidar dos outros”. “Seu choro terno nos faz entender o quão inúteis são nossos caprichos, e temos muitos. Seu amor desarmado e desarmante nos lembra que o tempo de que dispomos não serve para nos lamentarmos, mas para consolar as lágrimas de quem sofre”, disse.

O Papa ainda citou a poeta americana Emily Dickinson (1830-1886), com os versos: “A morada de Deus é próxima à minha; Sua mobília é o amor”.

Às 8h (horário de Brasília) desta sexta-feira (25), Francisco preside a bênção “Urbi et Orbi” (“À cidade de Roma e ao mundo”), na qual aborda os principais temas da atualidade. (ANSA).