AVIÃO PAPAL, 8 MAR (ANSA) – Durante a viagem de retorno do Iraque para Roma, nesta segunda-feira (8), o papa Francisco conversou com os jornalistas e falou sobre a importância do Dia das Mulheres. Após parabenizar as repórteres que estavam no avião por seu “trabalho e companhia”, o Pontífice comentou sobre a data.   

“Precisamos lutar pela dignidade das mulheres porque são elas quem levam a história para frente – e isso não é um exagero e nem um elogio porque hoje é o Dia da Mulher. As mulheres são mais corajosas do que os homens e as mulheres ainda hoje são humilhadas”, disse aos presentes.   

Relembrando o discurso que fez em Qaraqosh, o Pontífice voltou a falar sobre a perseguição que as mulheres, especialmente, as yazidis e cristãs, sofreram nas mãos do grupo terrorista Estado Islâmico (EI). Os extremistas tanto estupravam e assassinavam elas como também vendiam as mais jovens como escravas para membros do próprio grupo.   

Ao falar sobre a “lista de preços” feita pelo EI, Jorge Mario Bergoglio destacou que “não conseguia acreditar” que aquilo era real e que tinha de fato ocorrido.   

Porém, Francisco lembrou que, mesmo sem o terrorismo, “as mulheres também se vendem e são escravizadas no centro de Roma”, destacando o porquê da luta pela dignidade delas ser algo global e que é preciso também lutar contra todas as formas de tráfico humano.   

“No Jubileu, eu fui visitar uma das tantas casas da Obra Don Benzi. Mulheres resgatadas, uma com parte da orelha cortada porque não tinha levado dinheiro naquele dia, outra trazida de Bratislava no porta-malas de um carro, escravizada, raptada.   

Isso acontece entre nós, hein. O tráfico de pessoas”, disse.   

“Nesse países, sobretudo em parte da África, há a mutilação como um rito que deve ser feito [referindo-se à mutilação genital de meninas]. Mas, as mulheres são escravas ainda e precisamos lutar, lutar, pela dignidade delas”, acrescentou.   

O Papa destacou que “também a escravidão é a rejeição das mulheres… pensar que teve um lugar que houve uma discussão se o repúdio à mulher deve ser feito por escrito ou oral! Mas isso acontece hoje, mas para não me alongar muito, pensemos no centro de Roma, nas mulheres que são raptadas e exploradas”, concluiu.   

O líder católico ainda afirmou que falou sobre a data com a esposa do presidente do Iraque, Sarbagh Salih, sobre o assunto e que ela “me falou sobre coisas bonitas, sobre a força que as mulheres têm em levar a vida adiante, a história, a família e tantas coisas”.   

Pouco antes da fala do Papa, o Vaticano havia divulgado um documento alertando também para os impactos da pandemia de Covid-19 na vida delas.   

“As mulheres estão aguentando o maior peso da pandemia, foram excluídas da maior parte do processo decisório relativo à Covid-19 em muitos países, e muito por causa da persistente sub-representação nas posições de alto nível nos setores-chave da medicina e da política. Elas poderiam ter contribuído à falta de atenção explícita apresentada pelos impactos negativos da pandemia sobre mulheres e jovens”, diz o texto ressaltando ainda que os países liderados por elas tiveram resultados melhores na gestão da crise sanitária e econômica. (ANSA).