CIDADE DO VATICANO, 11 JUL (ANSA) – O papa Francisco enviou uma mensagem para a Conferência de Jovens da União Europeia nesta segunda-feira (11) em que afirma ser “legítimo” que eles se rebelem e se neguem a lutar em guerras ou conflitos armados pelo mundo.   

“Queridos jovens, ao mesmo tempo que vocês estão realizando a sua conferência, na Ucrânia (que não é União Europeia, mas é Europa), combate-se uma guerra absurda. Esta, juntando-se aos numerosos conflitos em curso em diversas regiões do mundo, torna ainda mais urgente um pacto educativo que instrua a todos para a fraternidade”, ressaltou.   

“A ideia de uma Europa unida brotou de um forte anseio de paz, depois de tantas guerras travadas no continente, e levou a um período de paz que durou 70 anos. Agora todos devemos nos empenhar para pôr fim a esta loucura da guerra, onde, como de costume, uns poucos poderosos decidem e mandam milhares de jovens para combater e para morrer. Em casos como este, é legítimo rebelar-se”, disse aos presentes.   

Segundo Francisco, lembrando das falas de que “se mulheres governassem o mundo, não haveria tantas guerras”, “se o mundo fosse governado pelos jovens, não haveria tantas guerras também porque aqueles tem têm toda a vida diante de si, não a querem destroçar e desperdiçar, mas vivê-la em plenitude”.   

O líder católico ainda lembrou da história de um jovem austríaco chamado Franz Jagerstatter, proclamado beato por Bento XVI em 2007, que foi condenado e morto pela guilhotina por se negar a lutar pela Alemanha de Adolf Hitler.   

“Não obstante as adulações e as torturas, Franz preferiu ser morto do que matar. Considerou a guerra totalmente injustificada. Se todos os jovens chamados às armas tivessem feito como ele, Hitler não teria conseguido realizar os seus planos diabólicos. Para vencer, o mal precisa de cúmplices”, pontuou ainda, destacando que Jagerstatter foi morto ao lado de outro jovem, Dietrich Bonhoeffer, um teólogo luterano alemão e antinazista.   

Para o chefe da Igreja Católica, “estes dois jovens ‘dos olhos grandes’ foram mortos porque se mantiveram fiéis até ao fim aos ideais da sua fé. E aqui está a quarta dimensão da educação: depois do conhecimento de si mesmo, dos outros e da criação, temos enfim o conhecimento do princípio e do fim de tudo’.   

“E quero concluir com um voto: que vocês sejam jovens geradores, capazes de gerar novas ideias, novas visões do mundo, da economia, da política, da convivência social. E não só novas ideias, mas sobretudo novos caminhos para serem percorridos juntos. E que vocês sejam generosos também em gerar novas vidas, sempre e só por amor. Amor ao seu marido e à sua esposa, amor à família, amor aos seus filhos, e também amor à Europa a fim de ser, para todos, terra de paz, liberdade e dignidade”, finalizou. (ANSA).