O Papa Francisco condenou, nesta quinta-feira (12), que os pobres sejam tratados como “lixo” e denunciou a “arquitetura hostil” contra esta camada da população, em mensagem que será pronunciada na Jornada Mundial dos Pobres, que acontece em novembro.

“Passam-se os séculos, mas a condição de ricos e pobres se mantém inalterada, como se a experiência da história não nos tivesse ensinado nada”, lamenta o pontífice, indignado, ao analisar a “desigualdade” que reina nas sociedades modernas.

“Devemos nomear as inúmeras formas de novas escravidão, às quais milhares de homens, mulheres, jovens e crianças estão submetidos”, escreveu o papa.

Sensível ao tema, o sumo pontífice mencionou, entre esses novos escravos, os imigrantes, os órfãos, os desempregados, as prostitutas, os dependentes químicos, os marginalizados e as vítimas de violência.

“Chegou-se ao ponto de teorizar e construir uma arquitetura hostil para se desfazer de sua presença, inclusive nas ruas, últimos lugares de acolhida”, destaca.

“São tratados como lixo, sem que exista qualquer sentimento de culpa por parte daqueles que são cúmplices deste escândalo”, acrescenta.

“Aos pobres não se perdoa sequer sua pobreza”, completa o papa, que também condena “a crueldade mediante a violência da arbitrariedade”.

A jornada mundial dedicada aos pobres foi fundada pelo papa argentino em 2016 para levar à reflexão católicos de todos os continentes sobre as diferentes formas de exploração do homem e, ao mesmo tempo, mobilizar a Igreja diante desse grave fenômeno.

“O papa pede uma mudança de mentalidade”, explicou o presidente do Conselho Pontifício para a Promoção da Nova Evangelização, monsenhor Rino Fisichella.

“A Igreja não pode fechar os olhos diante desse fenômeno”, insiste o religioso que apontou as inúmeras iniciativas promovidas pelo Vaticano em diferentes países para enfrentar as necessidades dos mais pobres.

O papa pede ainda que se deixem de lado “as divisões e as visões políticas e ideológicas” para fixar o olhar “no essencial”, em um “olhar de amor e uma mão estendida”.