Papa defende ‘conversão ecológica integral’, em mensagem de paz anual

Papa defende 'conversão ecológica integral', em mensagem de paz anual

Em sua tradicional mensagem de paz, que será lida em todas as igrejas no dia 1º de janeiro, o papa Francisco pede uma “conversão ecológica integral” que envolva novas relações humanas e respeito à “criação”.

“Uma má compreensão dos nossos próprios princípios muitas vezes nos levou a justificar os maus-tratos à natureza, a dominação despótica do ser humano sobre a criação, as guerras, a injustiça e a violência”, lamenta o papa, neste documento divulgado com antecedência como todos os anos.

Para o pontífice, os homens devem operar uma “conversão ecológica”, porque devemos “cultivar e manter para as gerações futuras os recursos naturais e muitas formas de vida e a própria Terra”.

“A conversão ecológica deve ser compreendida de maneira abrangente”, como “um novo olhar sobre a vida”, a relação entre os seres humanos e a natureza, estima o papa.

Em sua mensagem, o argentino Jorge Bergoglio explica que as guerras e conflitos que se sucederam no curso da história humana “com uma capacidade destrutiva crescente” são o resultado da “exploração e corrupção (que) alimentam o ódio e a violência”.

Ele denuncia mais uma vez – como durante a sua recente viagem ao Japão – a dissuasão nuclear, que “só cria uma segurança ilusória”.

“Não podemos pretender manter a estabilidade global por medo da aniquilação, em um equilíbrio mais do que nunca instável, suspenso à beira do colapso nuclear”, acrescenta.

O papa também se inspira no recente sínodo sobre a Amazônia para explicar que muitos conflitos são devidos à “falta de respeito pela casa comum e à exploração abusiva dos recursos naturais – considerados unicamente como ferramentas úteis para o lucro, sem respeito pelas comunidades locais, pelo bem comum ou pela natureza”.

Para o papa, é preciso considerar “uma nova maneira de viver na casa comum, de se preocupar com modelos de sociedade que promovam o surgimento e a permanência da vida no futuro, e de desenvolver o bem comum”.

É essencial avançar na direção de “um relacionamento pacífico entre as comunidades e a Terra, entre o presente e a memória, entre experiências e expectativas”, afirma o pontífice.