CIDADE DO VATICANO, 18 SET (ANSA) – O Vaticano divulgou nesta terça-feira (18) a nova Constituição Apostólica do papa Francisco, a “Episcopalis Communio” (“Comunhão Episcopal”, em tradução livre), que dá mais espaço aos fiéis no Sínodo dos Bispos, assembleia episcopal realizada periodicamente para discutir temas relevantes para a Igreja Católica.   

A nova Carta Magna chega a poucas semanas do Sínodo dos Bispos sobre a Juventude, que tem início em 3 de outubro, e mostra o desejo de Jorge Bergoglio de escutar as bases da Igreja para definir seus rumos.   

Segundo o Pontífice, um bispo é ao mesmo tempo “mestre e discípulo” e tem como missão “escutar a voz de Cristo que fala através do povo de Deus”. “O Sínodo dos Bispos deve se tornar cada vez mais um instrumento privilegiado para escutar o povo de Deus”, diz Francisco na Constituição Apostólica.   

“Ainda que em sua composição se configure como um organismo essencialmente episcopal, o Sínodo não vive separado do restante dos fiéis. Ele, ao contrário, é um instrumento adequado a dar voz a todo o povo de Deus por meio dos próprios bispos”, acrescenta.   

O Papa afirma que, durante a preparação da assembleia episcopal, os bispos devem dar “especial atenção” às consultas em suas dioceses, submetendo a padres, diáconos e fiéis laicos questões que serão tratadas no Sínodo.   

“Às consultas com os fiéis se segue, na celebração de cada Assembleia Sinodal, o discernimento por parte dos pastores designados, unidos na busca por um consenso. […] Os membros da Assembleia oferecem ao Romano Pontífice seu parecer, a fim de que este possa ser de ajuda em seu ministério de pastor universal da Igreja”, diz a “Episcopalis Communio”.   

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Historicamente, os sínodos terminavam com a aprovação de uma série de proposições que eram entregues ao Papa, que, por sua vez, as levava em consideração e preparava uma exortação apostólica.   

A partir de 2014, no entanto, a assembleia episcopal passou a apresentar um documento conclusivo, algo que foi formalizado na nova Constituição Apostólica. “Recebida a aprovação dos membros, o documento final é oferecido ao Romano Pontífice, que decide sua publicação. Se aprovado expressamente pelo Romano Pontífice, o documento final participa do magistério ordinário do sucessor de Pedro”, afirma a Carta Magna.   

Não está claro, no entanto, se o Pontífice continuará fazendo exortações apostólicas pós-sinodais. Segundo o secretário-geral do Sínodo, cardeal Lorenzo Baldisseri, isso dependerá exclusivamente da vontade do próprio Papa.   

Em abril de 2016, por exemplo, Francisco lançou a exortação apostólica “Amoris Laetitia” (“Alegria do amor”) com base nas conclusões do Sínodo sobre a Família, realizado no ano anterior.   

O documento defende uma abertura da Igreja a divorciados e gerou contestações na ala conservadora do clero e até acusações de “heresia”.   

A “Episcopalis Communio” é a terceira Constituição Apostólica – conjunto de regras sobre assuntos de importância vital para a Igreja – de Jorge Bergoglio, após a “Vultum Dei Quaerere” (sobre a vida contemplativa feminina) e a “Veritatis Gaudium” (sobre as universidades católicas).   

Atualmente, Francisco também trabalha com seu conselho de cardeais, o C9, na reforma da “Pastor Bonus”, Constituição Apostólica promulgada por João Paulo II em 1988 e que aborda a organização da Cúria. A nova Carta Magna recebeu o nome provisório de “Praedicate Evangelium” (“Preguem o Evangelho”).   

(ANSA)


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