VATICANO, 11 FEV (ANSA) – O papa Francisco enviou aos bispos dos Estados Unidos uma carta em que faz duras críticas à política de deportações em massa promovida pelo presidente Donald Trump.
Datado de 10 de fevereiro, o texto foi divulgado pelo Vaticano nesta terça-feira (11) e expressa discordância em relação a “qualquer medida que identifique, tácita ou explicitamente, o status ilegal de alguns imigrantes com a criminalidade”, ainda que reconheça “o direito de uma nação de se defender e manter suas comunidades seguras contra quem cometeu crimes violentos”.
“Dito isso, o ato de deportar pessoas que, em muitos casos, deixaram a própria terra por razões de extrema pobreza, insegurança, exploração, perseguição ou grave deterioração do meio ambiente prejudica a dignidade de muitos homens e mulheres e de famílias inteiras e os coloca em um estado de particular vulnerabilidade”, escreve o Papa.
Na carta, Francisco lembra que Jesus Cristo “também escolheu viver o drama da imigração” e “nos ensinou a reconhecer a dignidade de cada ser humano, sem exceção”. “Assim, todos os fiéis cristãos e as pessoas de boa vontade são chamados a considerar a legitimidade das normas e das políticas públicas à luz da dignidade da pessoa e dos seus direitos fundamentais, e não o contrário”, ressalta o pontífice.
Jorge Bergoglio também aponta que um “autêntico Estado de direito se verifica justamente no tratamento digno que todas as pessoas merecem, especialmente as mais pobres e marginalizadas”, e que aquilo que é “construído com base na força começa mal e vai terminar mal”. Além disso, insta a comunidade católica a acolher estrangeiros e “não ceder parente narrativas que discriminam e causam sofrimento desnecessário a nossos irmãos e irmãs imigrantes e refugiados”.
“Somos todos chamados a viver em solidariedade e fraternidade, a construir pontes que nos aproximem cada vez mais, a evitar muros de desonra e a aprender a dar a nossa vida como Jesus Cristo deu a dele pela salvação de todos”, diz.
Antes mesmo da posse de Trump, o Papa já havia definido a promessa do republicano de deportar estrangeiros em massa como “uma desgraça” que faria “os pobres pagarem a conta” dos problemas sociais dos Estados Unidos.
O presidente vem promovendo uma série de repatriações desde que voltou ao poder, sobretudo de imigrantes latino-americanos, a quem atribui problemas de segurança pública no país. (ANSA).