Papa condena ‘economia que descarta’ em textos para Via-Sacra

VATICANO, 18 ABR (ANSA) – O papa Francisco condenou uma economia que “descarta” e trata as pessoas com a “lógica fria” de números e algoritmos e afirmou que Jesus está presente em todos aqueles que são “expostos a julgamentos e preconceitos”, nas meditações para a Via-Sacra desta Sexta-Feira Santa, no Coliseu de Roma.   

O ritual, que repete o calvário de Cristo até a crucificação, será celebrado pelo cardeal-vigário da capital italiana, Baldo Reina, uma vez que o pontífice de 88 anos ainda se recupera de uma pneumonia bilateral que o deixou à beira da morte.   

“É desumana a economia em que 99 valem mais do que um. E apesar disso, construímos um mundo que funciona assim: um mundo de cálculos e algoritmos, de lógicas frias e interesses implacáveis”, escreveu o líder da Igreja católica nas meditações, que serão lidas antes de cada estação da Via-Sacra – ainda não se sabe se Francisco estará presente na celebração.   

“A economia de Deus, pelo contrário, não mata, nem descarta, nem esmaga. É humilde, fiel à terra”, acrescentou Jorge Bergoglio, destacando que “o caminho da cruz está marcado a fundo na terra”. “Os grandes afastam-se dele, gostariam de tocar o céu. Em vez disso, o céu está aqui, abaixado, encontramo-lo mesmo caindo, permanecendo no chão”, salientou.   

Nos textos, o Papa alertou que “este mundo despedaçado” precisa de “lágrimas sinceras” e que Jesus “continua, silenciosamente, diante de nós: em cada irmã e irmão expostos a julgamentos e preconceitos”. “Senhor Jesus, que pareceis dormir no mundo tempestuoso, levai-nos a todos para a paz do sábado”, escreveu o pontífice.   

Essa é a primeira vez desde que assumiu o comando da Igreja Católica, em 2013, que Francisco não comandará as celebrações da Semana Santa, período mais importante do ano para o catolicismo.   

Cada evento foi designado para um cardeal da Cúria Romana, mas os fiéis ainda esperam que Bergoglio apareça de alguma forma nas missas dos próximos dias.   

O Papa ficou internado por quase 40 dias devido a uma pneumonia e recebeu alta em 23 de março. Desde então, vem permanecendo recluso a maior parte do tempo na Casa Santa Marta, sua residência oficial no Vaticano. (ANSA).