MAPUTO, 4 SET (ANSA) – Por Fausto Gasparroni – Uma multidão cantando e sacudindo bandeiras recebeu na noite desta quarta-feira (4) o papa Francisco em Maputo, capital de Moçambique. O líder católico iniciou hoje uma viagem oficial à África que inclui também passagens por Madagascar e Maurício e tem como tema principal a promoção da paz e a preservação do meio ambiente. A multidão festejou a chegada de Francisco ao longo de um percurso de 7 km entre o aeroporto local e a sede da nunciatura apostólica, percorrido por Jorge Mario Bergoglio no “papamóvel”.   

Em Moçambique, país onde os católicos representam cerca de 28% da população, o Papa também foi recebido no aeroporto pelo presidente Filipe Nyusi, com quem terá uma reunião oficial amanhã (5). “Convido todos a se unirem à minha oração para que Deus consolide em toda a África a reconciliação fraterna, única esperança pela paz sólida e duradoura”, tuitou Francisco mais cedo, antes de iniciar a viagem. O tema da paz e da reconciliação estará em evidência sobretudo na primeira etapa da viagem, Moçambique, país flagelado por uma guerra civil de 15 anos encerrada em 1992, graças a um acordo de paz assinado em Roma e com mediação da Igreja Católica.   

O conflito opunha o governo chefiado pela socialista Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo) aos guerrilheiros da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo). O atual arcebispo de Bolonha, Matteo Zuppi, que se tornará cardeal em 5 de outubro, teve papel crucial nas negociações de paz. A defesa da preservação da natureza deve ganhar destaque durante a passagem de Jorge Bergoglio pela ilha de Madagascar, onde o líder católico ressaltará a discrepância entre a riqueza de recursos naturais e a pobreza da população.   

Já em Maurício, Francisco ressaltará a convivência entre vários grupos culturais e religiosos, em um país com numerosas comunidades islâmica, cristã e hindu. Durante o voo entre Roma e Maputo nesta quarta-feira, o Papa também polemizou dizendo que era “uma honra ser atacado pelos americanos”. A declaração foi dada durante um encontro entre Francisco e o jornalista francês do “La Croix” Nicolas Senèze, autor do livro “Como a América Quer Mudar o Papa”, lançado em 2019.   

Entusiasmado com o livro, Bergoglio disse que, para ele, “era uma honra ser atacado pelos americanos”. Ao receber um exemplar da obra, o Papa emendou que o livro “era uma bomba”, brincando.   

De acordo com o porta-voz do Vaticano, Matteo Bruni, o Papa quis dizer que “considera as críticas sempre uma honra, sobretudo quando provêm de pensadores com autoridade e de uma nação importante, como é o caso”. (ANSA)