O papa Francisco chegou nesta quinta-feira (21) a Genebra para promover o diálogo e a unidade entre seus “irmãos” protestantes e ortodoxos, uma prioridade de seu pontificado alimentada pelos atos de violência indiscriminada contra os cristãos em algumas regiões do mundo.

“Isso é uma viagem para a unidade”, disse o pontífice no avião que o levou para a Suíça.

O chefe e porta-voz de 1,3 milhão de católicos aceitou um convite do Conselho Ecumênico das Igrejas (CEI), que celebra 70 anos e representa cerca de 500 milhões de protestantes e ortodoxos através de 350 igrejas.

Para Olav Fykse Tveit, pastor luterano norueguês que preside o CEI, a viagem do papa supõe “uma esperança”, porque mostra “que até as divisões e os conflitos profundos podem ser superados pelo diálogo”.

“Não é difícil encontrar temas que ainda dividem os cristãos”, como os que se referem à sexualidade, disse ele à AFP antes da chegada do papa, acrescentando, porém, que “muitos cristãos, sejam, ou não, católicos, o veem como uma voz poderosa que expressa o que queremos dizer”.

O papa Francisco quis concentrar sua 23ª viagem ao exterior na unidade dos cristãos, como parte das preocupações da Igreja católica durante seu conhecido Concílio Vaticano II (1962-1965), que conclama o respeito mútuo entre religiões.

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– Apaziguamento –

A relação com ortodoxos e protestantes vive um momento de apaziguamento, em um contexto de galopante descristianização na Europa e de perseguições, ou ataques terroristas contra os cristão, especialmente no Oriente Médio.

Em várias ocasiões, o papa Francisco falou de “ecumenismo de sangue”, ao lamentar o assassinato indiscriminado de católicos, ortodoxos, ou protestantes.

“Se o inimigo nos une na morte, quem somos nós para nos dividirmos em vida?”, disse.

Na manhã desta quinta, Francisco participou, junto com 230 pessoas, de uma “oração ecumênica” na capela do Centro Ecumênico de Genebra, acompanhado por uma mulher, a bispo metodista americana Mary Ann Swenson.

Ao longo do dia, o sumo pontífice também deve se reunir com delegações das duas Coreias presentes esta semana no comitê central da CEI.

A Igreja católica romana não quer aderir ao CEI, que representa igrejas nacionais muito locais, com doutrinas muito diferentes e que não reconhecem a primazia do papa. Colabora, porém, ativamente com a organização há pelo menos 50 anos, em matéria de ajuda humanitária, ou educação.

O pontífice terminará sua viagem à Suíça com uma missa para 41.000 católicos, oficiada em francês e em latim.

Dos cerca de 8 milhões de habitantes da Suíça, 41% se declaram católicos, e 25%, protestantes.


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