VATICANO, 3 JUL (ANSA) – O papa Leão XIV aprovou a introdução de uma nova celebração litúrgica para promover a conscientização ecológica global: a missa pela “proteção da Criação”, informou a Sala de Imprensa da Santa Sé nesta quinta-feira (3).
A primeira cerimônia será no próximo dia 9 de julho, de forma privada, em Castel Gandolfo, nos arredores de Roma, e usará pela primeira vez a nova fórmula de orações, que conta com elementos como “os frutos da terra, o firmamento, as criaturas”.
A missa se soma aos esquemas já adotados nas celebrações “por necessidades civis”. São orações e leituras, inseridas nesta nova celebração, que respondem aos pedidos sugeridos pela encíclica “Laudato si'”, do papa Francisco, que surgiram nos últimos anos em Igrejas de todo o mundo.
O decreto, emitido pelo Dicastério para o Culto Divino, foi aprovado por Robert Prevost, confirmando que a proteção do meio ambiente continua sendo uma das prioridades da Igreja.
“Neste tempo, é evidente que a obra da criação está seriamente ameaçada pelo uso e abuso irresponsáveis dos bens que Deus confiou aos nossos cuidados”, enfatiza o decreto, considerando “oportuno acrescentar” a nova cerimônia ao Missal Romano.
Em coletiva de imprensa, o cardeal Michael Czerny, prefeito do Dicastério para o Desenvolvimento Humano Integral, explicou que, “com esta nova fórmula de orações para a missa, damos graças a Deus, nosso Criador, e rezamos para que aprendamos a cuidar do Seu dom”.
“Hoje temos o prazer de apresentar uma ‘Missa pelo Cuidado da Criação’ (Missa pro custodia creationis), para responder aos pedidos inspirados pela Laudato si’ que vieram de todo o mundo”, acrescentou o religioso.
A declaração de Czerny faz referência à “encíclica revolucionária” de Jorge Bergoglio, publicada há 10 anos, na qual o pontífice argentino pediu o cuidado com a nossa “casa comum”, com a ecologia integral como um novo paradigma de justiça social.
A nova fórmula litúrgica será usada pela primeira vez na próxima semana por Leão XIV, que aprovou e ordenou a divulgação desta fórmula juntamente com as leituras bíblicas correspondentes, escritas em latim”.
“Será uma missa privada, pois o Papa estará de férias.
Participarão aqueles que trabalham no Borgo Laudato Si” em Castel Gandolfo”, explicou Czerny.
A “Missa pela Proteção da Criação” será incluída no Missal Romano, que contém 49 missas e orações para diversas necessidades e ocasiões: 20 relacionadas à Igreja, 17 a necessidades civis (onde a nova liturgia será incluída) e 12 são para diversas circunstâncias.
Czerny explicou ainda que o cuidado com a criação não é um tema estranho à liturgia católica, mas sim “está sempre presente”.
Para ele, isto é “um grande ato de fé, esperança e caridade”, um convite a “responder com cuidado e amor, em um crescente sentido de admiração, respeito e responsabilidade”.
“De fato, somos todos chamados a ser administradores fiéis daquilo que Deus nos confiou em nossas escolhas diárias e nas políticas públicas, bem como na oração, no culto e na nossa forma de viver no mundo”, concluiu o cardeal.
Por fim, o secretário do Dicastério para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, arcebispo franciscano dom Vittorio Francesco Viola, afirmou a iniciativa “promove o crescimento da consciência sobre a importância da proteção da criação, cujo significado profundo se revela no Mistério Pascal que a celebração torna presente”.
“Porque hoje, também graças ao ensinamento do papa Francisco, estamos mais conscientes de que nos encontramos numa situação de grave crise ecológica e ambiental”, alertou. (ANSA).