CIDADE DO VATICANO, 10 FEV (ANSA) – Um forte apelo à defesa dos direitos dos povos indígenas está contido na mensagem do papa Francisco lida nesta segunda-feira (10) aos participantes do Fórum Global dos Povos Indígenas, que acontece em Roma até a próxima terça (11).
Convocada pelo Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (FIDA), a 7ª edição da iniciativa tem como tema “O direitos dos povos indígenas à autodeterminação: um caminho para a segurança e a soberania militar”.
Neste primeiro dia, o evento contou com a presença do observador permanente da Santa Sé junto a FAO, FIDA e PMA, monsenhor Fernando Chica, que leu durante os trabalhos iniciais uma mensagem do Pontífice dirigida a Myrna Cunnigham, presidente do Comitê do Fórum.
No texto, Jorge Bergoglio expressa o desejo de que o encontro seja “um espaço significativo de debate, estudo e reflexão sobre as prioridades, preocupações e aspirações legítimas das comunidades indígenas”.
Além disso, convida todos a “reconhecer o valor dos povos indígenas como o patrimônio ancestral de saberes e práticas que enriquecem positivamente a grande família humana, colorindo-a com as diversas características de suas tradições”.
“Tudo isso revela um horizonte de esperança no tempo presente, marcado por desafios intensos e complexos e por muitas tensões”, observa ele.
Segundo o líder da Igreja Católica, “a defesa do direito de preservar a própria cultura e identidade passa necessariamente pelo reconhecimento do valor da sua contribuição para a sociedade e pela salvaguarda da sua existência e dos recursos naturais de que necessita para viver”.
Francisco denunciou a grave ameaça representada pela “crescente apropriação de terras agrícolas por multinacionais, grandes investidores e Estados”, lembrando que “são práticas nocivas que ameaçam o direito a uma vida digna das comunidades locais”.
“Terra, água e alimentos não são simples bens, mas a própria base da vida e da relação desses povos com a natureza”, reitera na mensagem.
Para o Santo Padre, “defender esses direitos não é, portanto, apenas uma questão de justiça, mas uma garantia de um futuro sustentável para todos, no qual será possível dar “às gerações futuras um mundo em sintonia com a beleza e a bondade que guiaram as mãos de Deus na sua criação”.
Desta forma, o Papa expressa a esperança de que os líderes das nações possam tomar “medidas adequadas para garantir que a família humana caminhe unida na busca do bem comum, para que ninguém seja excluído e ninguém seja deixado para trás”. (ANSA).