Papa alerta que droga é ‘prisão invisível’ e incentiva combate

VATICANO, 26 JUN (ANSA) – O papa Leão XIV alertou nesta quinta-feira (26) que a droga e as dependências são uma “prisão invisível” e incentivou que o combate ao vício seja contra quem usa o tráfico como “seu imenso negócio”.   

A declaração foi feita no “Dia Internacional contra o Abuso e Tráfico Ilícito de Drogas”, instituído há 38 anos pela Organização das Nações Unidas (ONU) para conscientizar a população global sobre os problemas sociais criados pelo fenômeno.   

Por ocasião da data, Robert Prevost recebeu cerca de 3,5 mil pessoas no Pátio São Dâmaso, incluindo o subsecretário da Presidência do Conselho da Itália, Alfredo Mantovano, e ouviu depoimentos sobre o vício em drogas.   

“A presença de vocês aqui é um testemunho de liberdade”, declarou o religioso, enfatizando que “a droga e as dependências são uma prisão invisível” que todos, “de diferentes maneiras, conheceram e combateram, mas todos nós somos chamados à liberdade”.   

Ao encontrá-los, penso no abismo do meu coração e de cada coração humano”, acrescentou ele, apelando para todos buscarem “a paz e a alegria” e lembrando que “o mal se vence juntos”, assim como “a injustiça se combate juntos”.   

O Papa denunciou ainda que “a luta contra o narcotráfico, o compromisso educativo com os pobres, a defesa das comunidades indígenas e migrantes e a fidelidade à doutrina social da Igreja são considerados subversivos em muitos lugares”.   

Em seu discurso, ele também condenou a existência de “enormes concentrações de interesses e organizações criminosas generalizadas que os Estados têm o dever de desmantelar”, embora às vezes “seja mais fácil combater suas vítimas”.   

“Muitas vezes, em nome da segurança, uma guerra foi e está sendo travada contra os pobres, lotando as prisões com aqueles que são apenas o último elo de uma cadeia de morte. Aqueles que detêm a cadeia, por outro lado, conseguem exercer influência e impunidade”, criticou.   

De acordo com o Santo Padre, “nossas cidades não devem ser libertadas dos marginalizados, mas da marginalização; não devem ser purificadas dos desesperados, mas do desespero”.   

Prevost alertou ainda que a luta contra as drogas “não pode ser abandonada enquanto, ao nosso redor, alguém ainda estiver preso nas várias formas de vício”. “Nossa luta é contra aqueles que fazem das drogas e de qualquer outro vício ? pense no álcool ou no jogo ? seu imenso negócio”, destacou.   

Durante o discurso, o norte-americano recordou que o Ano Santo do Jubileu leva esperança a todos, especialmente a quem tem “a dignidade tantas vezes diminuída ou negada”. Uma esperança que é “a luz reencontrada através de um grande trabalho”, como a imagem proposta por Leão XIV de Jesus ao encontrar os discípulos no cenáculo na noite da Páscoa: “Quando falta o ar, quando falta o horizonte, a nossa dignidade murcha. Não esqueçamos que Jesus ressuscitado vem novamente e traz o seu sopro! Ele faz isso frequentemente através das pessoas que vão além das nossas portas fechadas e que, apesar de tudo o que possa ter acontecido, veem a dignidade que esquecemos ou que nos foi negada”, afirmou.   

Por fim, o líder da Igreja Católica dirigiu-se especialmente aos jovens, afirmando: “A Igreja precisa de vocês. A humanidade precisa de vocês. A educação e a política precisam de vocês.   

Juntos, acima de toda dependência degradante, faremos prevalecer a dignidade infinita impressa em cada um de nós”. (ANSA).