Papa alerta que abusos ‘não podem ser guardados na gaveta’

VATICANO, 12 SET (ANSA) – O papa Leão XIV alertou que os abusos cometidos dentro da Igreja “não podem ser arquivados”, mas devem “ser enfrentados com verdadeira justiça” tanto para com as vítimas quanto para com os acusados”.   

A declaração foi dada em discurso durante audiência a portas fechadas com os novos bispos do clero, cujos trechos estão sendo divulgados pelo Vaticano nesta sexta-feira (12).   

“O Papa pediu a todos que abordassem prontamente as questões relacionadas ao comportamento clerical inadequado”, diz o texto, enfatizando que “elas não podem colocadas na gaveta; devem ser enfrentadas com senso de misericórdia e verdadeira justiça, em relação às vítimas e aos acusados”.   

O líder da Igreja Católica se reuniu na última quinta (11) com 192 bispos de todo o mundo que atualmente participam de diversos cursos de formação no Vaticano.   

Na ocasião, Robert Prevost, além de relembrar a questão dos abusos, fez uma revisão dos desafios que os bispos enfrentam no início de um novo ministério, como medos, sentimentos de indignidade e as diferentes expectativas que cada um tinha para sua vida antes de seu chamado.   

Segundo a Santa Sé, Leão XIV também enfatizou a necessidade de renovar o contato com o mundo para responder às perguntas que homens e mulheres se fazem hoje em dia sobre o significado da vida e do mal.   

“Respostas prontas, aprendidas há 25 anos no seminário, não são suficientes”, afirmou ele, exortando os novos bispos a não se assustarem diante da primeira dificuldade, a serem pastores próximos do povo e dos sacerdotes, misericordiosos e firmes, mesmo quando se trata de julgar, além de capazes de ouvir e dialogar, não apenas de pregar.   

Desta forma, o Santo Padre apelou para todos serem “construtores de pontes” e valorizar o papel e a integração dos leigos na vida da Igreja e a servir a paz “desarmada e desarmante”, porque “a paz é um desafio para todos”.   

Além disso, o Pontífice reiterou a necessidade de buscar o diálogo, mesmo onde os cristãos são minoria, com respeito genuíno pelas pessoas de outras tradições religiosas, especialmente por meio do testemunho do amor autêntico e da misericórdia cristã”.   

Leão XIV ainda falou sobre a formação nos seminários, a responsabilidade inicial, a importância da dimensão missionária e as graves consequências das crises ambientais.   

Sobre o clima, ele recordou o 10º aniversário da Encíclica Laudato Si’ e encorajou todos a promover o tema na pastoral, lembrando que, nesta importante frente, “a Igreja estará presente”, sem, contudo, implicar outras questões contrárias à antropologia cristã.   

Por fim, pediu aos novos bispos que sejam cautelosos no uso das redes sociais, onde há o risco de que “cada um se sinta no direito de dizer o que quiser, até mesmo coisas falsas”, e acrescentou que “há momentos em que chegar à verdade é doloroso”, mas necessário.   

“Nesse sentido, é aconselhável buscar a ajuda de profissionais de comunicação, pessoas com formação na área, que resumirão assim suas reflexões sobre o assunto da seguinte forma: ‘Calma, bom senso e ajuda de um profissional”, conclui a nota. (ANSA).