Dos últimos 47 anos dos registros e acompanhamentos dos incêndios do Pantanal, definitivamente os dois últimos foram os piores. Várias regiões do Pantanal têm acesso apenas por barco, aumentando ainda mais o desafio de controlar o fogo.

Desde o mês de setembro de 2020, o Instituto Homem Pantaneiro está mobilizando brigadas de combate ao fogo com recursos doados. E a Brigada Alto Pantanal está neste momento em treinamento para combater o período da seca, que promete ser grande.

Para entender melhor como funciona todo o processo de capacitação dos brigadistas, participaram do treinamento o biólogo Hugo Fernandes, a jornalista Flávia Vitorino e o documentarista Lawrence Wahba.

“Além de todo o intenso desgaste físico e manuseio dos equipamentos, que são pesados, o mais difícil no combate ao incêndio é o momento de decisão logística, que decide por onde começar, onde abrir trilhas de ação, quantas pessoas precisarão na equipe. Se isso tudo é difícil em treinamento, é praticamente impossível avaliar a dificuldade real do trabalho em caso de um incêndio florestal”, diz Hugo Fernandes.

Fotos Lawrence Wahba

“Eu, que vi os incêndios acontecendo de dentro no ano passado, aprendi que uma brigada é como uma orquestra onde cada brigadista usa seu instrumento em sincronia com os demais. E não existe concerto sem ensaio”. completa Lawrence.

A Brigada Alto Pantanal conseguiu capacitar 14 brigadistas permanentes com homens treinados, equipados e assalariados que irão patrulhar as regiões da Serra do Amolar, Parque Nacional e Parque Estadual Encontro das Águas. É o lugar com maior concentração de onças-pintadas no mundo e uma área fundamental para a conservação do meio ambiente e das economias do MT e do MS.

“No ano passado, na busca ativa pelo prejuízo da fauna morta, foram encontradas 29 espécies diferentes de animais mortos, predominantemente repteis e anfíbios, e espécies ameaçadas como antas, onças pintadas e mutum”, relata Diego Viana, pesquisador e médico veterinário do IHP (Instituto Homem Pantaneiro).

A meta do instituto, juntamente com a Brigada Alto Pantanal, é manter duas brigadas (7 profissionais em cada estado) equipadas e treinadas,  colaborando com custos veterinários dos animais silvestres. É preciso enfatizar que as doações não são somente para remunerar a equipe, mas também para equipá-la, e o investimento não é pequeno. São bombas costais, abafadores, sopradores, moto-bombas e EPI’s como roupas antifogo, óculos de proteção, capacete.

“Agradecemos a solidariedade de todos que perceberam que havia um compromisso com a sociedade em proteger algo que é essencial para todos e queremos mostrar que estamos aqui, na luta para que isso aconteça. Sem dúvida nenhuma, a continuidade desse processo depende muito do apoio de todos, pois a permanência desses brigadistas de forma integral é fundamental para a proteção do bioma contra os incêndios.”

 

Conheça melhor o trabalho da Brigada Alto Pantanal e do Instituto Homem Pantaneiro.

 


 

 


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