26/06/2021 - 13:01
Dos últimos 47 anos dos registros e acompanhamentos dos incêndios do Pantanal, definitivamente os dois últimos foram os piores. Várias regiões do Pantanal têm acesso apenas por barco, aumentando ainda mais o desafio de controlar o fogo.
Desde o mês de setembro de 2020, o Instituto Homem Pantaneiro está mobilizando brigadas de combate ao fogo com recursos doados. E a Brigada Alto Pantanal está neste momento em treinamento para combater o período da seca, que promete ser grande.
Para entender melhor como funciona todo o processo de capacitação dos brigadistas, participaram do treinamento o biólogo Hugo Fernandes, a jornalista Flávia Vitorino e o documentarista Lawrence Wahba.
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“Além de todo o intenso desgaste físico e manuseio dos equipamentos, que são pesados, o mais difícil no combate ao incêndio é o momento de decisão logística, que decide por onde começar, onde abrir trilhas de ação, quantas pessoas precisarão na equipe. Se isso tudo é difícil em treinamento, é praticamente impossível avaliar a dificuldade real do trabalho em caso de um incêndio florestal”, diz Hugo Fernandes.
“Eu, que vi os incêndios acontecendo de dentro no ano passado, aprendi que uma brigada é como uma orquestra onde cada brigadista usa seu instrumento em sincronia com os demais. E não existe concerto sem ensaio”. completa Lawrence.
A Brigada Alto Pantanal conseguiu capacitar 14 brigadistas permanentes com homens treinados, equipados e assalariados que irão patrulhar as regiões da Serra do Amolar, Parque Nacional e Parque Estadual Encontro das Águas. É o lugar com maior concentração de onças-pintadas no mundo e uma área fundamental para a conservação do meio ambiente e das economias do MT e do MS.
“No ano passado, na busca ativa pelo prejuízo da fauna morta, foram encontradas 29 espécies diferentes de animais mortos, predominantemente repteis e anfíbios, e espécies ameaçadas como antas, onças pintadas e mutum”, relata Diego Viana, pesquisador e médico veterinário do IHP (Instituto Homem Pantaneiro).
A meta do instituto, juntamente com a Brigada Alto Pantanal, é manter duas brigadas (7 profissionais em cada estado) equipadas e treinadas, colaborando com custos veterinários dos animais silvestres. É preciso enfatizar que as doações não são somente para remunerar a equipe, mas também para equipá-la, e o investimento não é pequeno. São bombas costais, abafadores, sopradores, moto-bombas e EPI’s como roupas antifogo, óculos de proteção, capacete.
“Agradecemos a solidariedade de todos que perceberam que havia um compromisso com a sociedade em proteger algo que é essencial para todos e queremos mostrar que estamos aqui, na luta para que isso aconteça. Sem dúvida nenhuma, a continuidade desse processo depende muito do apoio de todos, pois a permanência desses brigadistas de forma integral é fundamental para a proteção do bioma contra os incêndios.”
Conheça melhor o trabalho da Brigada Alto Pantanal e do Instituto Homem Pantaneiro.