Enredo de filme de ficção já bastante gasto: extraterrestres, pouco amistosos, invadem a Terra e cortam toda a possibilidade de comunicação entre humanos, causando pane generalizada nas redes sociais. Enredo da vida real jamais visto: na segunda-feira 4, a paralisia em três plataformas ligadas ao império e monopólio de Mark Zuckerberg deixou o mundo mudo – e exibiu o quanto estamos dependentes, nos dias de hoje, em relação aos meios digitais – seja para uma simples conversa, seja para fechamento de um negócio bilionário, seja para a possibilidade de salvar uma vida. Ao longo de quase sete horas, Facebook, WhatsApp e Instagram silenciaram. Apenas no Brasil, o WhatsApp possui, aproximadamente, cento e vinte milhões de usuários. Olhando-se para a integração global, em julho foram divulgados os seguintes dados mundiais: dois bilhões e oitocentos e cinquenta milhões de contas para o Facebook, dois bilhões para o WhatsApp, um bilhão e trezentos e oitenta milhões compunham o Instagram. À exceção dos aplicativos Tik Tok, Twitter e Telegram, todos os demais são comandados por Zuckerberg, o que fez com seu prejuízo tenha sido estratosférico: um encolhimento de US$ 6 bilhões em sua fortuna e queda de 4,89% no valor das ações do Facebook. O silêncio que tomou conta do planeta nos leva obrigatoriamente a refletir sobre a necessidade de democratização e de quebra do monopólio no mercado das redes sociais. Não pode o lucro desmesurado do senhor Zuckerberg estar acima da segurança global. Essa é a tese defendida, acertadamente, pela ex-gerente de produtos do Face, Frances Haugen.

Por que ficou fora do ar

O problema pode ter ocorrido no sistema que registra os nomes do site e seus endereços IP (número identificador). Imagine o usuário digitando o site em que queira entrar. É tal sistema que “avisa” para o IP aquilo que foi digitado e abre o acesso. Já o Facebook afirmou que o apagão se deu por erro na mudança de configurações e afastou a hipótese de um ataque hacker.

POLÍTICA
Apoio nobre e forte

Adriano Vizoni

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso reafirmou que o governador de São Paulo, João Doria, receberá o seu voto nas prévias do PSDB, no dia 21 de novembro, nas quais será escolhido o candidato do partido para disputar as eleições à Presidência da República, em 2022. Afirmou FHC:

“Eu já disse quem eu vou escolher: É João Doria. Ele é o que o Brasil precisa”

VACINA
Negacionistas, calem-se

Aos ignorantes que não creem na ciência, eis uma notícia para lhes calar a boca. A malária, doença causada por parasitas transmitidos por algumas espécies de mosquitos, existe desde a Antiguidade e, na maioria das vezes, é fatal. A OMS aprovou a primeira vacina contra a enfermidade. Ou seja: a ciência batalhou séculos e séculos, e venceu. Já há vacina contra a malária, responsável pela morte anual de cerca de quatrocentas mil pessoas (entre elas, duzentas e sessenta mil são crianças), sobretudo na África subsaariana. A Fundação Bill Gates deverá financiar a produção do imunizante. No Brasil, as mortes ocorrem principalmente na Amazônia.

DITADURA MILITAR
Até a diversidade sexual era subversão

Divulgação

Com sequestros, torturas e assassinatos, a ditadura militar foi um dos mais repressores regimes que o Brasil já teve. Há ainda uma série de lacunas envolvendo a violência oficial contra aqueles que se opunham ao autoritarismo, e, quando se fala da população LGBTQIA+, tais lacunas são ainda maiores. Com foco nessa questão, o professor de Direito Renan Quinalha acaba de lançar o livro “Contra a moral e os bons costumes: a ditadura e a repressão à comunidade LGBT”. É uma das raras obras a abordar o tema com objetividade factual. Quinalha participou da Comissão da Verdade e mostra, agora, a repressão dos militares em relação à diversidade sexual. “Achei que estava fazendo um trabalho sobre o passado recente. Mas as semelhanças com a atualidade são assustadoras”, diz ele.