Na reta final do segundo turno, a pandemia do novo coronavírus continua sendo um tema central na campanha eleitoral de São Paulo. Ontem, o prefeito Bruno Covas (PSDB) voltou a dizer que não pretende aumentar a quarentena na capital paulista. Seu adversário, Guilherme Boulos (PSOL), suspendeu atividades de rua depois que uma aliada foi diagnosticada com covid-19.

A campanha de Covas tenta evitar que sua candidatura seja contaminada pela possibilidade de um endurecimento nas medidas de contenção à pandemia no dia seguinte à votação, para quando o governo do Estado marcou a atualização do Plano SP. “Foi o governo (do Estado), e não a prefeitura que adiou (a atualização do Plano SP). E não foi a pedido do prefeito”, afirmou ontem. A campanha do tucano identificou uma ofensiva dos adversários nas redes sociais sobre este assunto.

Outra preocupação do entorno do tucano é com a exploração do candidato a vice, Ricardo Nunes (MDB). Desde o início do segundo turno, a equipe de Guilherme Boulos (PSOL) aponta a ligação de Nunes com supostos esquemas em creches municipais. Segundo reportagem publicada pelo Estadão, uma empresa da família dele recebeu R$ 50 mil de creches conveniadas com a Prefeitura para prestação de serviços sem licitação no ano passado.

Covas fez ontem uma defesa enfática de Nunes e o levou para uma caminhada no extremo da Zona Sul, região que é reduto eleitoral do emedebista. Em entrevista pela manhã à rádio CBN. Covas afirmou que a imprensa “quer acabar com a vida” do seu candidato a vice. Em tom exaltado, Covas sugeriu que seu companheiro de chapa é alvo dos jornalistas “por ser da zona sul, da periferia da cidade.”

O candidato do PSDB defendeu seu vice de uma acusação registrada em boletim de ocorrência em 2011, no qual a mulher de Nunes o acusa de ameaça e injúria. Eles continuam casados até hoje. “É impressionante como vocês (imprensa) são pautados pela pauta do PSOL. Querem acabar com a vida do meu vice”, afirmou o prefeito.

Nunes foi indicado candidato a vice pelo MDB, legenda que agregou o maior tempo de TV entre os 10 partidos que fazem parte da coligação. Durante entrevista no programa Roda Viva, da TV Cultura, anteontem à noite, o tucano disse que preferia ter uma vice mulher, mas que aceitou a indicação de Nunes para representar a aliança que o apoia.

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Além da pandemia do novo coronavírus, outro tema atual que tem impactado a campanha paulista é o combate ao racismo. O tema ganhou impulso depois que João Alberto de Freitas foi espancado até a morte por dois seguranças em uma unidade do Carrefour em Porto Alegre (RS). Sempre que esse tema surge, Covas lembra que batizou 12 novas unidades do CEUs como nome de personalidades negras – seis homens e seis mulheres. Apesar de reconhecer que o número de negros no governo é baixo, o prefeito tem evitado estabelecer metas para um eventual segundo governo.

Exames

A informação de que a deputada federal Sâmia Bomfim (PSOL-SP) está com covid-19 levou Boulos a suspender, ontem, todas as atividades de rua da campanha. “O contato que eu tive com a Samia foi absolutamente esporádico, ambos de máscara. Não tenho qualquer sintoma mas, por precaução, decidimos fazer o teste e também tomamos uma decisão de, até sair o resultado, não fazer agendas públicas de rua”, disse o candidato ontem. Os dois haviam participado de um evento juntos na sexta-feira.

Segundo Boulos, sua equipe tenta agendar o exame desde segunda-feira, mas só conseguiu marcar um horário para hoje. Para o candidato, isso é consequência do aumento de casos na cidade que, segundo ele, está sendo subestimado por Covas. O prefeito tucano tem dito que não há indícios de segunda onda.

Boulos comentou o resultado da pesquisa Datafolha divulgada ontem. Segundo o instituto de pesquisa, Boulos passou de 42% das intenções de voto, em 18 de novembro, para 45%. Já Covas, oscilou negativamente de 58% para 55% entre os dois levantamentos. A margem de erro é de três pontos porcentuais para mais ou para menos.

O candidato do PSOL disse ter sido alvo de fake news em que é atribuído a ele, caso seja eleito, a demissão de funcionários das creches conveniadas à Prefeitura. Os advogados do partido fizeram uma representação ao Ministério Público Eleitoral pedindo investigação de possível abuso do poder econômico na fala do secretário.

Além de martelar a tecla do vice de Covas, a campanha de Boulos começou a explorar na reta final da disputa eleitoral a comparação entre as fontes de financiamento das campanhas. Nas redes sociais, o PSOL mostra que 20% (cerca de R$ 1 milhão) dos R$ 5,3 milhões recebidos até agora chegaram na forma de financiamento coletivo, enquanto Covas recebeu R$ 31 mil, 0,17% dos R$ 18 milhões arrecadados pela campanha, por meio deste mecanismo.

Os maiores doadores individuais de Boulos foram o casal Caetano Veloso e Paula Lavigne com R$ 100 mil cada. Cerca de 70% dos recursos vieram do Fundo Eleitoral. Segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), 82% da campanha tucana é financiada com recursos do Fundo Eleitoral.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.


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