Os esforços realizados pelos executivos ingleses durante a pandemia foram insuficientes para reduzir as desigualdades salariais, a menos que se mude “a cultura da bonificação” no Reino Unido, onde um diretor de uma grande empresa ganha em média 119 vezes mais que um assalariado, de acordo com um estudo que será publicado nesta quarta-feira (5).

No total, 36 empresas do FTSE-100, o índice da Bolsa de Londres, anunciaram reduções nas remunerações de seus diretores devido à crise econômica provocada pela pandemia da COVID-19, informou o Chartered Institute of Personnel and Development (CIPD) e a consultoria independente High Pay Centre.

Mas, ainda segundo o estudo, estas medidas são “superficiais a curto prazo” e não mudam em nada a “cultura da bonificação”, que permite aos grandes executivos receberem salários astronômicos graças a variáveis em suas remunerações.

Nenhuma das empresas que concordou com as reduções salariais cortou os planos de participação nos lucros de longo prazo, que representam em geral a metade do salário total dos executivos.

“Não parece que a pandemia suponha um ponto de inflexão para a remuneração dos diretores (…) A remuneração dentro do FTSE-100 provavelmente cairá no ano que vem, mas isso terá mais a ver com as circunstâncias econômicas do que com uma mudança de atitude”, explicou Peter Cheese, diretor-geral do CIPD.

O estudo mostra que, em 2019, um diretor de uma empresa com ações na bolsa recebeu em média 3,61 milhões de libras, 119 vezes mais do que o salário médio no Reino Unido.

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Seis empresas pagaram uma remuneração de mais de 10 milhões de libras aos seus CEOs.

O executivo mais bem pago é Tim Steiner, da empresa de alimentos online Ocado, que recebeu 58,7 milhões de libras, à frente do francês Pascal Soriot (14,3 milhões), que preside o grupo farmacêutico AstraZeneca, e de Ivan Menezes (11,7 milhões), presidente da companhia de bebidas alcoólicas Diageo.

O estudo advoga por uma maior transparência nas decisões sobre os salários, pela adoção do critérios ambientais e pela nomeação de um funcionário para os comitês de remuneração.

No Reino Unido, as empresas britânicas de mais de 250 funcionários são obrigadas a revelar a cada ano a diferença entre a remuneração de seus diretores em relação ao salário médio.


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