Em meio às restrições de funcionamento dos estabelecimentos por conta da pandemia de Covid-19, uma das profissões mais afetadas foram os profissionais de educação física, os quais ficaram um bom tempo sem exercer suas atividades presencias pelo período em que as academias permaneceram fechadas.

Uma pesquisa realizada neste ano pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) em parceria com a Fundação Getúlio Vargas (FGV) mostrou que o setor das academia teve um faturamento 52% abaixo do normal para o mês de maio. Em fevereiro, o impacto já era de 42 %.

É o que mostra a 11ª edição da Pesquisa de Impacto da Pandemia de Covid-19 nas Micro e Pequenas Empresas, realizada pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), em parceria com a Fundação Getúlio Vargas (FGV).

De acordo com a pesquisa, o faturamento do setor chegou, em maio, a um patamar 52% abaixo do que seria normal para o mês. Na edição anterior da pesquisa, realizada em fevereiro, o segmento estava 42% abaixo do normal. Essa piora de cenário fez com que esses empresários se tornassem os mais preocupados entre todos os setores analisados: 72% alegam que estão com muita dificuldade de manter o negócio.

Por boa parte da pandemia, as academias não foram consideradas atividades essenciais e, com isso, tiveram seu funcionamento condicionado aos protocolos de cada estado. Se os donos dos estabelecimentos passaram por apuros, os educadores físicos que contavam com o salário ficaram ainda mais prejudicados por conta do período sem atividades presenciais.

É o caso do casal de educadores Felipe Castro e Bruna Camile. Eles trocaram o ambiente das academias pelos vídeos no Instagram e treinos personalizados, enviados por aplicativo de mensagens ou email.

No período mais crítico da pandemia no ano passado, muitos brasileiros sequer saíam de casa. A necessidade gerou uma oportunidade para Bruna, que colocou um sonho antigo em prática: abrir sua própria empresa.

“Com o fechamento das academias precisei buscar outra fonte de renda. Eu uni a minha influência nas redes sociais e comecei criando treinos específicos para serem feitos em casa”, explica a educadora com quase 700 mil seguidores no Instagram.

Em pouco tempo, ela percebeu que o novo ramo poderia proporcionar sua liberdade financeira.

“Dentro do prazo de seis meses, eu atingi o número de mais de mil alunos”, ressalta.

Nesse caminho, seu companheiro também percebeu que poderia completar sua renda como professor de Crossfit, oferecendo consultorias para pessoas interessadas em manter o corpo em movimento, mesmo com atividades feitas em casa.

“Até mesmo o meu trabalho no Box [Crossfit] ficou online. Dessa forma, eu passei a treinar meus alunos presenciais com lives, além de surgir a oportunidade de potencializar as atividades com planilhas personalizadas”, relata o educador físico.

Inatividade causa gastos ao SUS

Um estudo realizado pela Universidade Federal Fluminense (UFF) apontou que a inatividade dos brasileiros causa danos não só a saúde como um impacto econômico negativos para o Sistema Único de Saúde (SUS).

De acordo com o estudo, a inatividade custou cerca de R$ 300 milhões somente com internações, em valores de 2019. Com a pandemia, os números podem atingir dados ainda mais negativos para o governo brasileiro.

“Esse custo seria evitável na medida em que você ampliasse o acesso da população a programas de promoção de atividade física”, disse à Agência Brasil Marco Antonio Vargas, subchefe do Departamento de Economia da UFF e coordenador executivo da pesquisa.

O nível de inatividade é maior entre mulheres do que entre homens e quanto menor for o nível de escolaridade, maior o nível de inatividade.

Cenário mundial

O problema da inatividade não fica restrito ao Brasil, dados recentes Organização Mundial de Saúde (OMS) mostram que a falta de atividade física afeta mais de 20% da população em todo o mundo, dos quais 80% são de adolescentes. Quando se trata de América Latina e Caribe, os números apontam que 39,1% da população são fisicamente inativos. Na região, a maior predominância de inatividade física é encontrada no Brasil, onde 47% da população não atingem os níveis mínimos recomendados pela entidade.