A pandemia do coronavírus teve um impacto negativo na taxa de natalidade e sobre o emprego feminino na Itália, país que sofre “uma recessão demográfica”, segundo dados apresentados na terça-feira pelo Instituto Nacional de Estatística (Istat).

“O clima de medo e incerteza, assim como as dificuldades materiais (…) causadas pelos acontecimentos recentes, terão um impacto negativo na fecundidade dos casais italianos”, estimou o presidente do Istat, Gian Carlo Blangiardo, durante uma audiência no Parlamento.

Em 2019, a Itália registrou o menor número de nascimentos em 150 anos, com 420.000.

Esse número pode cair ainda mais, com cerca de 408.000 nascimentos em 2020 e 393.000 em 2021, de acordo com as previsões do Istat.

“A recessão demográfica que atinge a Itália desde 2015 é significativa e causou um verdadeiro colapso, que não tem equivalente na história italiana, exceto nos anos 1917-1918, marcados pela Grande Guerra e os efeitos dramáticos da gripe espanhola”, explicou Blangiardo.

Entre os fatores que impactam negativamente a taxa de fecundidade está a situação desfavorável do mercado de trabalho, que atinge principalmente os jovens e as mulheres.

A queda da taxa de emprego entre fevereiro e setembro deste ano atingiu mais fortemente as mulheres (-1,9% em comparação com -1,1% para os homens) durante os meses de confinamento e, posteriormente, as mulheres tiveram uma recuperação mais lenta em comparação com os homens.

De acordo com o Istat, “os efeitos no mercado de trabalho causados pela crise da saúde afetaram, sobretudo, os setores mais vulneráveis do mercado de trabalho (jovens, mulheres e estrangeiros)”, reconheceu.

“A pandemia do novo coronavírus ampliou as desigualdades já presentes no mercado de trabalho”, resumiu o instituto especializado.

A pandemia destruiu 80% dos empregos obtidos por mulheres desde a crise financeira de 2008.

De 2008 a 2019, a Itália criou 602 mil novos postos de trabalho para mulheres, mas em apenas três meses, entre abril e junho, 470 mil foram cortados.

Na Itália, uma em cada duas mulheres trabalha, em comparação com 73% na Alemanha, 62% na França e 58% na Espanha. Na Europa, apenas a Grécia está abaixo da Itália com 47%.