Um erro inusitado na medição de distância marcou a final da prova da Marcha Atlética feminina dos jogos Pan-Americanos na manhã deste domingo. A Associação Pan-Americana de Atletismo (APA) errou no cálculo dos 20 quilômetros, o que causou uma grande confusão. Com o trajeto encurtado, 12 atletas “bateram” o recorde mundial, sendo que a vencedora, a peruana Gabriela Kimberly diminuiu em 11 minutos o tempo do recorde.

Cláudio Castilho, Chefe de Missão do Atletismo e CEO da Confederação Brasileira de Atletismo, afirmou que o erro foi notado logo quando Kimberly completou a primeira volta. A organização do Pan-Americano publicou uma nota ao fim da prova responsabilizando a APA pelo erro. Os tempos obtidos na prova serão anulados.

“Em relação à prova de caminhada feminina realizada hoje no Parque O’Higgins, informamos que, por problema de aferição, de responsabilidade exclusiva da Associação Pan-Americana de Atletismo (APA), os tempos nela obtidos são anulados. Isso porque o perito contratado pela APA, Sr. Marcelo Ithurralde, não foi preciso nas medições dos percursos que os atletas deveriam percorrer. Conforme estabelecido pela regulamentação internacional, a APA é a única organização autorizada a realizar medições e, portanto, é responsável pela distância oficial da competição”, diz a nota, que ainda lamenta o transtorno causado.

“Por sua vez, a Corporação Santiago 2023 é responsável por contratar o perito designado pela APA e facilitar o seu trabalho no domínio das competências. Lamentamos profundamente o transtorno para os atletas, seus treinadores, o público e a imprensa presente, mas esta situação foge às competências da comissão organizadora”, completa.

O recorde mundial era da chinesa Yang Jiayu, com tempo de 1h23min49. Kimberly cruzou a linha de chegada em 1h12min26, 11 minutos a menos. Outras 11 atletas bateram o tempo de Yang Jiayu. Entre os que completaram a prova, apenas duas não bateram o recorde. Cláudio Castilho comentou sobre o erro.

“O medidor de percurso, que é o Marcelo, já estava fazendo a verificação durante a corrida. Logo na passagem do primeiro quilômetro, quando já se projetava a quebra de recorde, eu fui falar e ele garantiu que estava tudo certo. Agora já está constatado que o percurso não tinha a distância correta dos 1000km por volta. Eles atrasaram a prova do masculino em meia hora, vão fazer ajustes no percurso para que não ocorra a mesma coisa”, disse.

Duas brasileiras participaram da disputa. Viviane Lyra cruzou a linha de chegada na quarta colocação. Já Gabriela Muniz foi a nona colocada. Viviane afirmou que não demorou para notar que havia algo errado com a distância.

“A gente controla muito o ritmo e logo de cara, na primeira volta já deu ali um ritmo muito forte, abaixo do que o masculino faria. A gente sabia que tinha algo estranho e nosso objetivo nem foi mais o relógio”, afirmou Viviane.

“O percurso estava um pouco menor, os tempos não foram compatíveis. A prova estava muito forte, com a presença de campeã mundial, mas o percurso não tinha 1 km. Mas é o meu primeiro Pan, tenho 21 anos, sei que tem muita coisa por vir ainda e estou muito feliz pela minha participação”, disse Gabriela.

MEDALHA NO MASCULINO

Com a distância devidamente ajustada para 20km e atraso no início da prova, o Time Brasil garantiu medalha de prata com Caio Bonfim. Ele fez tempo de 1h19min24, ficou apenas quatro segundos atrás do campeão da prova, o equatoriano Alexander Hurtado. Matheus Corrêa, outro brasileiro na disputa, ficou em quinto, com tempo de 1h02min19, a apenas nove segundos do índice olímpico.