A partida entre Palmeiras e Santos, neste domingo, às 16 horas, pelo Campeonato Brasileiro, marca o retorno do Morumbi ao velho papel de sediar clássicos mesmo sem a presença do São Paulo em campo. Palco tradicional do futebol paulista no século passado, o estádio perdeu espaço após divergências nos bastidores e inaugurações de novas arenas, tanto que há 13 anos o local não era escolhido pelo Palmeiras para mandar um jogo.

O clube alviverde recorreu ao Morumbi porque o Allianz Parque estará reservado para eventos de drive-in e o Pacaembu passa por obras. Uma outra opção seria mandar o clássico na Arena Barueri ou no interior. Porém, o estádio são-paulino foi escolhido por evitar uma viagem e por ter um gramado de qualidade. A equipe vai precisar pagar uma taxa de aluguel – o valor não foi revelado.

Foi justamente o aluguel que afastou o Palmeiras do Morumbi. O time atuou como mandante no estádio em setembro de 2007, contra o Corinthians, e depois não voltou mais porque considerou muito elevado o valor. Em valores corrigidos, o aluguel na época custava em média R$ 210 mil. Mas a taxa subiria.

“Deixamos de jogar no Morumbi por causa do preço e o Corinthians nos acompanhou nessa decisão. Fizemos um acordo com a diretoria do Corinthians para jogarmos nossos clássicos ou no Pacaembu ou no interior porque era mais barato. Foi uma decisão prática”, relembrou o ex-presidente do Palmeiras, Luiz Gonzaga Belluzzo, que era diretor de planejamento do clube em 2007.

O Corinthians mandou pela última vez um jogo no Morumbi em 2008, na final da Copa do Brasil contra o Sport. No ano seguinte o presidente do clube, Andrés Sanchez, teve uma desavença com o colega são-paulino Juvenal Juvêncio por causa da carga de ingressos destinados à torcida visitante em clássicos. Ele prometeu que nunca mais o time voltaria a mandar partidas no local. E até hoje isso se cumpre.

As inaugurações em 2014 da Arena Corinthians e do Allianz Parque contribuíram para os dois rivais não buscarem mais o Morumbi. No entanto, quando os clubes começaram a evitar o estádio, o próprio São Paulo minimizou a situação ao avaliar que o aluguel para jogos não faria falta, pois conseguiria uma arrecadação maior ao ceder o estádio para shows.

O último rival a ter recorrido ao Morumbi foi o Santos. Em 2014, às vésperas da Copa do Mundo, a Vila Belmiro estava cedida à Fifa para ser utilizada como campo de treino. Por isso, o clube levou para a capital um jogo com o Flamengo.

Presidente do São Paulo de 1990 a 1994, José Eduardo Mesquita Pimenta se lembra com saudades dos momentos vividos pelos quatro grandes no Morumbi. “Era comum nossos rivais jogarem na nossa casa. Todos ganhavam e o futebol também. Os jogos tinham mais de cem mil pessoas. Era um show.”

Pimenta avalia que a briga contribuiu para os rivais acelerarem a construção das próprias arenas. “Ganhávamos um bom dinheiro com aluguel e venda de outros produtos no estádio nos dias de jogos.”

Apesar de o Corinthians ter registrado o maior público do Morumbi (138.032 pagantes), na segunda partida da final do histórico campeonato de 1977, diante da Ponte Preta, o clássico com mais público no estádio tricolor foi exatamente um Palmeiras e Santos, de 1978, com 123.318 pagantes.