O Palmeiras nunca deu tantas oportunidades aos jovens oriundos das categorias de base como nesta temporada. Neste ano, considerando ainda as disputas que avançaram de 2020, foram usados no time de Abel Ferreira 24 “crias da Academia”. Todos eles tiveram a chance de atuar pelo time profissional. A marca é recorde e supera os 22 jogadores utilizados em 2002.

São três os motivos que levaram o Palmeiras a passar a utilizar tantos jovens formados na base: a valorização que o clube passou a dar aos garotos a partir do momento que mudou sua política de contratações, o talento desses meninos, como Patrick de Paula, Gabriel Menino, Danilo, Wesley e Gabriel Veron, e a necessidade de descansar os seus principais atletas em alguns momentos da competição. Abel reclamou demais do desgaste do calendário brasileiro. Se permanecer no clube, ele deverá intensificar esse rodízio com os meninos da base.

Isso aconteceu em boa parte do Paulistão, torneio que o clube jogou com times alternativos. A iniciativa serviu de laboratório para dar “cancha” aos atletas recém-promovidos ao profissional. Eles jogaram porque o grupo principal estava concentrado em outras competições, como a própria Copa Libertadores, Recopa Sul-Americana e também Supercopa do Brasil, e enfrentava uma exaustiva maratona de jogos.

O procedimento está ocorrendo no fim da temporada também, mas por outro motivo. Sem compromissos importantes após a conquista da Libertadores, e sem mais chance de ganhar o Brasileirão, todo o elenco já está de férias – incluindo o técnico Abel Ferreira -, o que permite que jogadores do sub-20 mostrem serviço. O zagueiro Lucas Freitas e o atacante Kevin foram os últimos a estrear pelo profissional na vitória por 3 a 1 sobre o Cuiabá. Os gols foram marcados por Gabriel Silva, Giovani e Gabriel Verón.

“Fiquei muito feliz de estrear profissionalmente com a camisa do Palmeiras. É um sonho que carrego comigo e com minha família há mais de dez anos”, disse Lucas, que chegou ao Palmeiras nesta temporada vindo do Valladolid, da Espanha.

Ele, Kevin e outros jovens talentos vão jogar nos dois últimos compromissos do Palmeiras no Brasileirão, contra Athletico-PR e Ceará. “Sonhei e esperei muito por esse momento, e espero dar continuidade ao trabalho nos dois próximos jogos. Quero aproveitar cada momento vestindo essa camisa”. Ele passa seu passado a limpo e diz estar no caminho certo. “Quem vem de periferia sempre sonha em estrear em um time profissional, ainda mais em uma equipe gigante como é o Palmeiras. Espero poder jogar mais vezes”, diz Kevin. O atacante chegou ao time sub-17 no ano passado. Hoje integra o sub-20 e teve seu contrato renovado até 2026.

O goleiro Vinicius, os zagueiros Lucas Freitas, Renan, Michel e Henri, os laterais Victor Luis, Lucas Esteves, Garcia e Vanderlan, os meio-campistas Menino, Patrick de Paula, Danilo, Fabinho e Pedro Bicalho e os atacantes Wesley, Veron, Gabriel Silva, Rafael Elias, Newton, Marcelinho, Pedro Acácio, Fabricio, Kevin e Giovani são os jogadores que integram a lista de 24 crias da base que defenderam o profissional em 2021. A contagem inclui jogos neste ano válidos tanto pela temporada 2020 quanto pela atual.

Diante do Cuiabá, nove atletas formados na base do clube estiveram entre os 11 titulares: Vinicius, Renan, Menino, Victor Luis, Veron, Garcia, Giovani, Gabriel Silva e Michel. Entraram no decorrer do confronto Fabinho, Kevin, Pedro Bicalho, Vanderlan e Lucas Freitas, o que fez o número saltar para 14. A marca quebra o recorde estabelecido no Paulistão deste ano, quando oito jogadores advindos do centro de formação palmeirense foram escalados entre os titulares em duas oportunidades, contra Botafogo-SP e Santo André.

REVELAÇÕES – Há dois caminhos para esses atletas: permanecerem no time e ganhar espaço em elencos futuros e serem negociados, ganhando experiência em outras equipes e ajudando o Palmeiras a fazer dinheiro.