Os palestinos convocaram novos protestos para este sábado (8), depois de uma noite de violência na Esplanada das Mesquitas, em Jerusalém – que deixou mais de 200 feridos -, com Estados Unidos, União Europeia e países do Golfo pedindo uma redução das tensões.

Na sexta-feira à noite, milhares de fiéis se reuniram na Esplanada das Mesquitas – chamada de Monte do Templo pelos judeus – para a última grande oração antes do final do mês do Ramadã.

Confrontos eclodiram quando alguns palestinos começaram a atirar projéteis contra a polícia israelense, que respondeu com bombas de efeito moral e balas de borracha, segundo um fotógrafo da AFP no local.

De acordo com o Crescente Vermelho Palestino, pelo menos 205 palestinos ficaram feridos, a maioria deles na Esplanada das Mesquitas em Jerusalém Oriental, a parte palestina da cidade ocupada por Israel desde 1967 e depois anexada.

A polícia israelense reportou 17 feridos entre suas forças.

Essas manifestações são as mais violentas em Jerusalém desde os confrontos no final de abril (125 feridos), mas também desde os distúrbios relacionados à polêmica transferência da embaixada dos Estados Unidos para Jerusalém em 2018.

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Confrontos também foram reportados no bairro vizinho de Sheikh Jarrah, onde as manifestações noturnas diárias contra o possível despejo de famílias palestinas em favor de colonos israelenses degeneraram nos últimos dias em confrontos com a polícia.

– Despejos –

Os novos protestos deste sábado foram convocados pelo Alto Comitê para o Monitoramento dos Árabes em Israel, um grupo de pressão que convocou manifestações em todo o país em solidariedade aos palestinos em Jerusalém.

Após os episódios de violência nesta madrugada, a União Europeia pediu às autoridades de todas as partes que ajam “com urgência” para uma “redução” das tensões em Jerusalém.

“A violência e o incitamento (à violência) são inaceitáveis e seus perpetradores (…) devem ser responsabilizados”, declarou o porta-voz do chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, em um comunicado.

Aliado de Israel, Estados Unidos conclamou na sexta-feira “as autoridades israelenses e palestinas a agirem para acalmar as tensões e acabar com a violência. É absolutamente essencial que todos os lados mostrem contenção e se abstenham de qualquer ação ou retórica provocativa”, afirmou o porta-voz do Departamento de Estado, Ned Price.

“Também estamos muito preocupados com o possível despejo de famílias palestinas dos bairros de Sheikh Jarrah e Silwan em Jerusalém, muitas das quais vivem em suas casas há gerações”, acrescentou.

No Golfo, Bahrein e Kuwait “condenaram veementemente” as ações da polícia israelense contra os fiéis muçulmanos, enquanto a Arábia Saudita se manifestou contra o despejo de palestinos de suas casas em Sheik Jarrah.

Por sua vez, o presidente palestino, Mahmoud Abbas, culpou Israel pelos “desenvolvimentos perigosos na Cidade Velha” de Jerusalém.

A Jordânia, país que é oficialmente guardião dos locais sagrados muçulmanos em Jerusalém Oriental, denunciou uma “agressão selvagem” por parte das forças de segurança israelenses.


Este novo episódio de violência ocorre em um contexto de tensões em Jerusalém Oriental, mas também na Cisjordânia, outro território palestino ocupado por Israel desde 1967.

Na sexta-feira, as forças israelenses mataram dois palestinos e feriram um terceiro, que abriram fogo contra guardas de fronteira no norte da Cisjordânia, sem provocar vítimas.

No final de abril, centenas de pessoas já haviam sido feridas durante várias noites de confrontos entre palestinos e israelenses nos arredores da Cidade Velha de Jerusalém.

A violência de sexta-feira coincidiu com o “Dia de Al-Quds (Jerusalém em árabe)” celebrado anualmente em países da região e principalmente no Irã, inimigo de Israel, em apoio aos palestinos.


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