Além do cargo de ministro da Justiça, Lula tem uma série de funções que exigem um advogado para eventual nomeação. A começar pelo posto de Advogado-Geral da União (AGU) e do Procurador-Geral da República (PGR), que o novo presidente deve mudar, já que Augusto Aras está longe de ser uma unanimidade. Mas o que suscita embates antecipados são os nomes a serem indicados pelo petista no ano que vem para composição do STF, que, em 2023, abrirá duas novas vagas de ministros a serem preenchidas: um para o lugar de Ricardo Lewandowski, que se aposenta no dia 12 de julho ao completar 75 anos, e outro para a vaga de Rosa Weber, que se aposenta em outubro. Para seus lugares, comentam-se nomes como os de Cristiano Zanin, Marco Aurélio de Carvalho e Eugênio Aragão.

Preferência

De todos, o mais próximo de Lula é Cristiano Zanin, seu advogado pessoal e que tem sido o responsável por patrocinar na Justiça todas as ações que envolvem o ex-presidente. Ele herdou o escritório de advocacia que era de seu sogro, Roberto Teixeira, uma espécie de benfeitor do petista. Zanin é casado com Valeska Martins, filha de Teixeira.

Prerrogativas

Advogados ativos no entorno do PT, que representaram Lula nas demandas judiciais da campanha, como Eugênio Aragão, ex-ministro da Justiça de Dilma, também têm chances. Juristas alinhados ao grupo identificado como Prerrogativas, do qual participam de Marco Aurélio de Carvalho e Pierpaolo Bottini, contudo, gozam de muito prestígio com o presidente eleito.

Calma, Renanzinho!

Silvia Zamboni

Petistas tentarão convencer Renan Calheiros a adiar o plano de lançamento de seu filho, recém-eleito senador, à disputa pela Presidência do Senado. Apontam, primeiro, que é “cedo para Renan Filho”, que estreia no Salão Azul em 2023, abocanhar um cargo tão importante. Além disso, ressaltam que um racha na base de Lula entre Rodrigo Pacheco e Renan Filho poderia resultar na eleição de um candidato do PL.

Retrato falado

“Hoje, tem famílias que não se falam mais por razões políticas” (Crédito:Patricia Stavis)

Bolívar Lamounier disse ao “Estadão” que a sociedade brasileira está tão dividida por razões políticas, com bolsonaristas enfrentando petistas, que levou a um clima de rancor muito forte. “A sociedade está dividida de alto a baixo”, explicou o cientista político, para quem essa crise “pode levar a um período razoavelmente longo de conflitos”. Ele afirmou que a desigualdade de renda é outro fator preocupante. “Se não revolucionarmos a Educação, vai ser uma tragédia.”

Os desafios de Lula

Mal acabou de ser eleito, o mercado financeiro já cobra um posicionamento de Lula para os problemas da economia. Como acabar com o rombo fiscal estimado em mais de R$ 280 bilhões? Sem um regime de teto de gastos, o governo terá que conter as despesas públicas, enxugar gastos, fazer as reformas administrativa e tributária para gastar menos, sem cortar benefícios sociais. Como atender as demandas populares (reajuste do salário mínimo e Auxilio Brasil) sem ter dinheiro no Orçamento? Por isso, uma das primeiras tarefas de Lula será negociar um novo orçamento com o Congresso. Lula precisará anunciar a equipe econômica para dar tranquilidade à economia.

Toma lá dá cá

Flávio Dino, senador eleito pelo PSB-MA (Crédito:Divulgação)

A estridência dos bolsonaristas no Congresso pode dificultar a pacificação?
Esses extremistas serão poucos. Não conseguirão muito apoio entre os colegas. Farão barulho, mas terão baixa influência. O Congresso é mais propício a mediações e diálogo.

A frente ampla que elegeu Lula terá voz no plano de governo?
Certamente que sim. Ganhamos com uma frente ampla e devemos governar com ela. Só com união removeremos o entulho bolsonarista e reconstruiremos o Brasil. Alckmin aproximou Lula do centro na campanha.

Qual será o papel dele no governo?
Alckmin vai ajudar ainda mais no governo. Tenho certeza de que Lula vai delegar a ele muitas missões importantes. Os dois se tornaram amigos e isso é muito positivo.

Os desafios de Lula

Mal acabou de ser eleito, o mercado financeiro já cobra um posicionamento de Lula para os problemas da economia. Como acabar com o rombo fiscal estimado em mais de R$ 280 bilhões? Sem um regime de teto de gastos, o governo terá que conter as despesas públicas, enxugar gastos, fazer as reformas administrativa e tributária para gastar menos, sem cortar benefícios sociais. Como atender as demandas populares (reajuste do salário mínimo e Auxilio Brasil) sem ter dinheiro no Orçamento? Por isso, uma das primeiras tarefas de Lula será negociar um novo orçamento com o Congresso. Lula precisará anunciar a equipe econômica para dar tranquilidade à economia.

Congresso hostil

Sem maioria no Congresso, Lula terá também que negociar a governabilidade, ampliando o governo de transição que ele pretende implantar nesses quatro anos de novo governo. O PT, certamente, não terá tanta dificuldade para negociar com o Centrão, mas vai ter que ceder cargos e benesses aos mais fisiológicos.

Queda na bolsa

Camilo Santana, que já teve o nome ventilado para o alto escalão da gestão petista, cotado para o MEC, caiu na bolsa de apostas e deve ficar no Senado. Aliados de Lula afirmam que a base dele ficaria muito desfalcada no Salão Azul, uma vez que Wellington Dias, Flávio Dino e Jaques Wagner já devem deixar o Senado para integrarem o ministério.

Jarbas Oliveira

Figuras carimbadas

Outros nomes, porém, estão em alta paradeixar uma cadeira no Congresso para assumir um acento no ministério. É o caso da senadora Simone Tebet, que deverá assumir a Educação. A deputada eleita Marina Silva é certa para o Meio Ambiente. Já a cadeira de ministro da Economia está sendo disputada a tapa: Meirelles, Haddad, Mercadante e Galipolo.

Fugindo dos debates

Cleia Viana/Câmara dos Deputados

Para evitar a ruína de projetos eleitorais, políticos que concorreram ao Planalto e a governos estaduais reforçaram neste ano a tática de faltar a debates. O deputado Félix Mendonça (PDT-BA) propõe um texto que estabelece punição para os candidatos que decidirem, sem justificativa, evitar os confrontos diretos, com o corte do tempo de propaganda na televisão e no rádio.

Rápidas

* Lula cometeu vários erros no segundo turno. Chamar o ex-presidente Michel Temer de golpista e tachar os agropecuaristas de fascistas foi um tiro no pé. No segundo turno, ele recebeu 3 milhões de votos a mais e Bolsonaro, 7 milhões. Quase perdeu a eleição.

* Depois de 1º de janeiro de 2023, o presidente não terá mais foro privilegiado. Os inquéritos que responde no STF sob responsabilidade do ministro Alexandre de Moraes seguirão para a Justiça comum. Pode ser preso?

* Um dia depois da derrota nas urnas, Bolsonaro teve mais um dissabor. Sua mulher, Michelle, parou de segui-lo no Instagram. Ninguém explica as razões, mas já se especula que o casal pode estar enfrentando problemas na relação.

* Com 42 deputados e dez senadores, o PSD presidido por Gilberto Kassab deve se aliar ao novo governo de Lula, apesar de o partido integrar a administração do governador eleito de São Paulo, Tarcísio de Freitas.