O presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, viajou neste domingo (20) para a Dinamarca após passar pelos Países Baixos, onde agradeceu a “histórica” decisão de ambos os países de enviar caças F-16 americanos para Kiev, depois que os Estados Unidos deram sinal verde para a entrega.

As autoridades ucranianas vinham solicitando a entrega de caças ocidentais para enfrentar as forças de Moscou desde o início da invasão russa, em fevereiro de 2022.

Zelensky chegou por volta das 16h30 locais (11h30 de Brasília) a uma base da Força Aérea Dinamarquesa em Skrydstrup (leste), como constatado por dois jornalistas da AFP.

Ele foi recebido pela primeira-ministra dinamarquesa, Mette Frederiksen, pelo ministro de Relações Exteriores, Lars Løkke Rasmussen, e pelo ministro da Defesa, Jakob Ellemann-Jensen.

Durante a visita, os líderes examinaram os caças F-16 e avaliaram o início do treinamento para pilotos ucranianos, conforme divulgado pelo gabinete da primeira-ministra.

“Sabemos que eles precisam de mais [equipamento militar] e, por isso, vamos doar 19 caças F-16 para a Ucrânia”, anunciou Frederiksen em uma coletiva de imprensa com Zelensky.

As aeronaves serão entregues gradualmente a Kiev: seis até o final do ano, oito no próximo ano e cinco no ano seguinte, disse a chefe de governo.

“Este é um apoio muito poderoso para nós”, afirmou Zelensky na mesma coletiva de imprensa.

“O apoio da Dinamarca à Ucrânia é inabalável e, com a doação dos caças F-16, a Dinamarca está mostrando o caminho a seguir”, disse o ministro da Defesa dinamarquês em um comunicado.

Horas antes, o presidente ucraniano havia visitado uma base da Força Aérea neerlandesa em Eindhoven, no sul dos Países Baixos.

No sábado, ele passou pela Suécia, onde conversou com o primeiro-ministro Ulf Kristersson o acesso a um novo pacote de ajuda, incluindo a produção conjunta de tanques leves suecos CV90.

– “Absolutamente histórico”-

A entrega dessas aeronaves é algo “absolutamente histórico, poderoso e motivador para nós. Este é mais um passo para o fortalecimento do escudo aéreo da Ucrânia”, afirmou Zelensky em coletiva de imprensa ao lado do primeiro-ministro neerlandês, Mark Rutte.

Rutte disse que os Países Baixos devem conversas com seus parceiros internacionais antes de decidir o número exato de caças F-16 que doará a Kiev. No entanto, Zelensky garantiu em um comunicado que “nossos guerreiros receberão 42 grandes aviões de combate”.

Washington já havia autorizado na sexta-feira esses dois países da Otan a transferir os caças de fabricação americana para as forças armadas ucranianas.

O primeiro-ministro neerlandês especificou que “os Países Baixos e a Dinamarca se comprometem a enviar F-16 para a Ucrânia, uma vez que as condições necessárias sejam atendidas”, referindo-se em particular ao treinamento de pilotos ucranianos.

Uma coalizão de 11 países da Otan iniciou o treinamento em agosto. De acordo com as previsões, eles estarão prontos para pilotar os caças no início de 2024.

– Ataques com drones na Rússia –

A visita de Zelensky aos Países Baixos aconteceu um dia depois que um bombardeio russo matou pelo menos sete pessoas e feriu mais de 140 na cidade de Chernigov, no norte da Ucrânia.

O Exército ucraniano respondeu com uma série de ataques de drones, sem causar vítimas mortais, contra Moscou e as regiões russas de Kursk (oeste) e Rostov, perto da fronteira com a Ucrânia. Segundo o Ministério da Defesa russo, os ataques foram neutralizados.

Os ataques ucranianos com drones aumentaram significativamente nos últimos meses, depois que Kiev lançou uma contraofensiva em junho.

A Ucrânia reivindicou algumas “vitórias” na semana passada, mas, no geral, a contraofensiva avança lentamente.

Em Kharkiv, no nordeste da Ucrânia, um homem morreu após ser atingido por dois artefatos explosivos russos enquanto caminhava pela rua, de acordo com autoridades militares locais. Outras 11 pessoas ficaram feridas por disparos de artilharia no centro de Kupiansk.

Por outro lado, também neste domingo, ocorreram manifestações em várias cidades europeias, como Varsóvia, Bruxelas, Praga, Londres e Tallin, em apoio ao opositor russo detido Alexei Navalny, para marcar os três anos desde o seu envenenamento em Tomsk, na Rússia, pelo qual o Kremlin é acusado.

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