Um levantamento feito pelo Uol aponta que seis em cada dez doses de vacinas contra a covid-19 distribuídas pelo Ministério da Saúde já foram aplicadas. Apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) tem usado o dado sobre o ritmo da vacinação para criticar estados e municípios.

Na quarta-feira (31), a velocidade da vacinação por parte de estados e municípios foi mencionada pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). No entanto, o dado reflete um problema causado pelo próprio governo federal: a falta de doses.

De acordo com especialistas e gestores da área da saúde ouvidos pelo Uol, é necessário levar em conta ao menos três fatores que justificam o ritmo atual da vacinação.

  • logística: a dose liberada para distribuição não é aplicada no dia seguinte, já que há um caminho para chegar ao posto de vacinação – o que não é tão simples em algumas regiões do país;
  • cadastro: algumas localidades têm enfrentado dificuldades técnicas para incluir no sistema os dados sobre as doses aplicadas, além do fato de a vacina contra a covid-19 demandar um registro nominal, o que também contribui para atrasar o processo;
  • distribuição: doses são entregues em quantidades pequenas e irregulares.

Conforme a diretora da SBIm (Sociedade Brasileira de Imunizações), Mayra Moura, antes de chagar ao braço do brasileiro, dose passa por estruturas dos governos federal, estaduais e municipais. “Parece que demora muito, mas, na verdade, não demora”, afirmou Mayra ao Uol.

Segundo a diretora da SBIm, o programa de imunização contra a covid-19 é parecido com a campanha da vacinação contra a gripe. A aplicação transcorre da mesma forma, mas a relação entre distribuir e aplicar não é destacada porque não há problema com o quantitativo de doses de vacina da gripe.