O presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, afirmou que o Brasil está comprometido com a questão ambiental e o órgão tem estimulado o debate no sistema financeiro nacional, inclusive, com ajustes no âmbito regulatório. “O País está empenhado na criação de ambiente propício para o desenvolvimento de oportunidades de negócios verdes, para que possamos transitar para uma economia que usa seus recursos de maneira sustentável. E, tenho certeza, há um enorme potencial de negócios a ser explorado nessa área”, destacou ele, em discurso, no Fórum EU-Brasil sobre Negócios Verdes, que acontece nesta segunda-feira, 27, em São Paulo.

De acordo com Ilan, o País tem consciência de que a dimensão financeira em torno da questão ambiental é “crucial” e, por isso, o BC tem interagido com o setor financeiro, visando a promoção de discussões estratégicas, compartilhando experiências, promovendo o aprimoramento e a capacitação e ainda provendo diretrizes e realizando ajustes na estrutura regulatória.

“Além de buscar a incorporação desses conceitos sustentáveis nos modelos de negócios, temos também trabalhado visando a implementação de políticas de responsabilidade socioambiental por todas as instituições do Sistema Financeiro Nacional (SFN) e pelo próprio Banco Central”, enfatizou Ilan.

O setor financeiro brasileiro, de acordo com o presidente do BC, acolheu a questão ambiental bem como as corporações brasileiras, nas quais a incorporação de aspectos socioambientais nas organizações e nos negócios é um tema em ascensão no Brasil. Ele lembrou que o BC lançou, em agosto último, sua Política de Responsabilidade Socioambiental (PRSA).

“Esse quadro de autorregulação contribui para harmonizar diretrizes e consolidar práticas socioambientais de seus signatários, na realização de negócios e nas suas relações com partes interessadas”, destacou Ilan.

Segundo o presidente do BC, os investimentos verdes servem como um novo canal para investidores, alinhando-se potencialmente às necessidades do País na melhoria de sua infraestrutura. Os esforços para aprimorar o arcabouço de captação e em canalizar recursos por meio do aumento da oferta desse novo tipo de investimento, conforme ele, são bem-vindos.

Ele destacou ainda a relevância da manutenção de diálogo nas instâncias internacionais. Segundo Ilan, o BC tem acompanhado o grupo de estudos “Green Finance Study Group” no âmbito do G20, cujos temas prioritários são: a aplicação da análise de risco ambiental no setor financeiro e o uso de dados ambientais disponíveis publicamente para análise financeira.

“Uma ‘revolução silenciosa’ está ocorrendo, na medida em que, em face dos desafios do século XXI, agentes de mercado e reguladores alinham-se na promoção das chamadas finanças verdes (green finance) e de sistemas financeiros robustos e sustentáveis”, acrescentou Ilan.