David, um israelense de 61 anos, vive ansioso desde que o seu filho foi enviado para combater na Faixa de Gaza, onde a guerra desencadeada pelos ataques do Hamas em 7 de outubro não dá sinais de trégua.

“Como pai, estou sempre nervoso”, disse David à AFP em sua casa no norte de Israel, depois que seu filho Yonatan, de 22 anos, se juntou à sua unidade militar em Rafah, foco dos recentes combates no sul da Faixa de Gaza.

A família pediu para ser identificada apenas pelo primeiro nome por questões de segurança.

David e outras famílias de soldados em Gaza temem pelos seus entes queridos e pelos custos da guerra. Para alguns, é muito alto.

Dezenas de milhares de soldados e reservistas israelenses foram enviados a Gaza para a campanha militar israelense, que o Ministério da Saúde do território governado pelo Hamas afirma ter ceifado a vida de 37.337 pessoas, a maioria mulheres e crianças.

Os ataques de 7 de outubro no sul de Israel deixaram 1.194 mortos, a maioria civis, segundo um balanço da AFP baseado em números oficiais. Entre eles, mais de 300 militares.

A morte de 11 soldados anunciada no sábado, incluindo oito em uma explosão perto do sul de Rafah, foi um dos danos mais graves para o Exército desde o início da guerra.

Sharon, de 53 anos, mãe de Yonatan, confessou que “há dias realmente difíceis em que choro o tempo todo”.

Para acalmar os nervos, o casal participa de sessões semanais com outros pais. No último encontro, os pais brindaram aos seus entes queridos com whisky e compartilharam melancia e petiscos à mesa.

– “Basta” –

“Lehaim a todos os soldados, às suas famílias, aos seus pais que os apoiam”, disse um participante, usando o brinde hebraico que significa “à vida”.

A guerra é “quase como uma roleta russa”, disse David, que lutou na invasão israelense do Líbano na década de 1980.

Naquela época ele não tinha medo, disse, mas agora como pai se preocupa com o filho.

Yonatan escapou recentemente da morte em Gaza, disse seu pai. Ele colocou o capacete pouco antes de uma explosão enviar estilhaços em sua direção.

De acordo com David, Yonatan disse-lhe que Israel tem que ser “bem-sucedido e vitorioso” na guerra para o bem das gerações futuras.

Mas alguns não acreditam que valha a pena arriscar a vida dos seus filhos na guerra.

Há semanas, quase 30 pessoas protestaram em frente à casa do ministro da Defesa, Yoav Gallant, em Amikam, a norte de Tel Aviv, para exigir o fim da guerra.

“Os pais dos soldados gritam ‘basta'”, diziam cartazes e camisas no protesto.

“Meu filho é soldado e está fazendo o que seus comandantes mandam”, declarou uma manifestante de 58 anos, que pediu anonimato para expressar livremente sua opinião. “No início a guerra estava correta, mas agora não está”, acrescentou.

Ela disse que inicialmente esperava que a guerra libertasse os reféns feitos pelos islamistas em 7 de outubro. Mas “estamos muito, muito, muito longe desse objetivo. Esta guerra tem que parar”.

Dos 251 reféns feitos no ataque do Hamas, 116 permanecem em Gaza, incluindo 41 mortos, segundo o Exército.

Ao menos 309 soldados israelenses morreram em Gaza desde o início das operações terrestres em 27 de outubro, de acordo com a mesma fonte.

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