Os pais de Omer Neutra, um jovem soldado com dupla nacionalidade americana-israelense sequestrado pelo Hamas em 7 de outubro, confiam no presidente Joe Biden para libertar seu filho, um dos 240 reféns do grupo islamita palestino, e de quem não têm notícias há um mês.

“Sentimos que vivemos em um universo paralelo ao de vocês”, diz o pai Ronen Neutra. “Não comemos nem dormimos bem. Deixamos de trabalhar. Temos um pequeno negócio e não voltamos lá. Tudo parou”, acrescenta, ao lado de sua esposa, Orna.

“Parece que já se passaram três meses, mas ao mesmo tempo é como se tivesse sido ontem”, resume a mãe, cujos pais são sobreviventes do Holocausto.

Washington acredita que existem atualmente 10 reféns americanos mantidos por este grupo em Gaza, após a libertação de outros dois no mês passado.

A administração de Biden, que deu apoio incondicional a Israel na guerra contra o Hamas, prometeu que fará tudo o que for possível para trazer os reféns para casa.

Após uma reunião por videoconferência com as famílias dos sequestrados, realizada em 13 de outubro, o presidente manifestou que seu governo “não vai parar até que os tragamos para casa”.

Na quarta-feira (8), muitas famílias vislumbraram um momento de esperança, após uma fonte próxima ao Hamas informar que há negociações em curso para libertar uma dúzia de reféns, incluindo seis americanos, em troca de um cessar-fogo de três dias em Gaza. No entanto, Biden declarou nesta quinta-feira (9) que “não há possibilidade” de um cessar-fogo entre Israel e o grupo islamita.

O ataque do movimento palestino em Israel deixou 1.400 mortos, a maioria civis, além dos 240 reféns, segundo as autoridades do país. A ofensiva motivou uma resposta militar sem precedentes do lado israelense na Faixa de Gaza com o objetivo de destruir o Hamas, ação na qual morreram mais de 10.500 pessoas, incluindo mais de 4.000 crianças, segundo as autoridades deste território.

– “Boas intenções” –

Omer, que cresceu em Long Island (leste de Nova York), decidiu passar um tempo em Israel para “viver a experiência do país por conta própria”.

Após trabalhar com crianças com deficiência, postergou seus estudos universitários e decidiu prestar serviço militar em Israel, como fizeram seus pais e a maioria dos jovens israelenses.

“Apenas pensamos que era uma grande oportunidade para que conhecesse outras pessoas, entendesse o conflito em Israel e tomasse uma decisão sobre seus próximo passos”, disse o pai do jovem que completou 22 anos em 15 de outubro, cerca de uma semana após ter sido raptado.

“Foi com boas intenções; sentia que queria proteger, não era o tipo de garoto que procurava uma guerra”, contou a mãe, que o descreve como um jovem “feliz, sociável, esportista e divertido”, com grandes habilidades de liderança.

A última vez que conseguiram contato com o filho foi na véspera do ataque do Hamas.

Quando começaram a receber notícias do lançamento de foguetes procedentes da Faixa de Gaza, mandaram mensagens para saber como estava, mas não tiveram resposta.

Dois dias depois, o governo israelense informou que a equipe de seu tanque havia sido raptada, explicou Ronen.

De acordo com a família, Omer estava com outros três soldados vigiando a fronteira com Gaza quando seu tanque foi atingido por um míssil. “Começou a pegar fogo e tiveram que abri-lo (…) e eles foram capturados e levados para Gaza”, completou ele.

“Fazemos um apelo ao mundo civilizado para que se unam e digam: isto é absolutamente errado, a Cruz Vermelha deve ter acesso (aos reféns) e dar-lhes assistência médica e devemos negociar o seu retorno às suas famílias”, implora a família.

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