Anderson Martins é pai de aluno do Colégio Liceu, de Brasília, e fez questão de enviar uma carta para a instituição de ensino após tomar ciência de que a formatura da escola seria na mesma data da final da Copa Libertadores entre Flamengo e Palmeiras no próximo dia 27 de novembro.

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Na carta, o pai do aluno de seis anos expõe sua indignação e acredita que a decisão pela data do evento é “um disparate”.

Reprodução

O documento foi compartilhado nas redes sociais e viralizou com críticas e elogios para Anderson. Questionado pelo G1, o pai que é torcedor e sócio do Flamengo que ainda não havia recebido uma resposta do colégio e que não sabia o que iria fazer.

“Sinceramente ainda não sei. Por mim, eu iria assistir ao Flamengo. O mais importante na educação é o conhecimento e isso ele [filho] já absorveu. A solenidade de formatura é subterfúgio, mas minha esposa está em conflito. Valoriza muito esses momentos! ‘Flamengo é maior que tudo e todos’, mas no final ela será o fiel da balança e eu ainda quero viver muito e ao lado dela”, diz.

“Somos uma família rubro-negra Eu (41), minha esposa Wilma (40), nossa filha Michelle (24) e Miguel. Sempre acompanhamos o Flamengo em jogo de final. Estivemos em Doha, em 2019, e estávamos prontos para Montevidéu”, completou.

O Colégio Liceu foi procurado pelo G1 e resolveu responder por meio de uma carta-resposta.

Leia na íntegra:

“Prezado senhor Anderson Martins,

É com grande satisfação que agradecemos ao portal g1 pela oportunidade de responder à carta aberta de sua autoria, oportunidade esta que não nos foi dada anteriormente, haja vista que o senhor sequer procurou a escola para dialogar a respeito de sua insatisfação para com a data da primeira formatura do seu filho. Preferiu recorrer à comunidade do Twitter, cuja competência para ajudá-lo na questão foge ao nosso entendimento.

Cabe destacar aqui que um mero bilhete enviado via agenda escolar do estudante lhe teria poupado o trabalho, pois ao senhor seria sinalizado que o horário da formatura será às 8h30, conforme comunicado enviado no dia 25/10 e informações prestadas na reunião de pais realizada, mas que infelizmente o senhor não compareceu. Tendo em vista que o jogo está marcado para as 17h do mesmo dia, acreditamos que o senhor terá tempo hábil para assistir a ambos os eventos.

Apesar disso, toda essa discussão suscitou uma questão extremamente relevante, e nós, enquanto educadores, nos sentimos no dever de assinalar. Não cabe a nós interferir ou sequer opinar a respeito dos ensinamentos que cada família transmite a suas crianças sobre o que é prioritário em suas vidas, portanto, o assunto de que trataremos não está relacionado ao futebol e a sua importância, a qual reconhecemos e ensinamos na escola, mas à questão do respeito ao próximo e à capacidade de resolução pacífica de conflitos.

Nós do “Planeta Liceu” nos empenhamos todos os dias em fazer da educação brasileira muito mais do que apenas um conjunto de componentes curriculares obrigatórios previstos pela legislação. Prezamos pela formação de cada um de nossos estudantes como pessoas que praticam o respeito ao próximo em cada atitude do dia a dia, independentemente de suas frustrações e, tão importante quanto, as capacitamos para que estejam emocionalmente preparadas para lidar com os conflitos e insatisfações normais da vida.

É por esse motivo que aproveitamos a oportunidade que nos foi dada para fazer um apelo a todos os pais a quem esta reportagem alcançar: pais, vocês são o maior exemplo dos seus filhos, não percam a oportunidade de mostrar a eles os adultos que podem ser.

Não é papel da escola concordar ou discordar dos motivos da insatisfação que gerou essa situação, mas nós discordamos veementemente da forma como o assunto foi tratado. Temos visto, como mais frequência a cada ano que se passa, crianças se tornando adultos emocionalmente frustrados por não saberem resolver os seus conflitos, partindo para o apelo ilusório intermediado pelas redes sociais para alcançar uma comoção midiática quando lhes falta preparo emocional para lidar diretamente com o problema e resolvê-lo e, muitas vezes, recorrendo à utilização de falas difamatórias em substituição à razão que não lhes assiste.

Diante disso, não podemos discordar do grande educador Augusto Cury quando ele nos diz que “bons alunos aprendem a matemática numérica, alunos fascinantes vão além, aprendem a matemática da emoção, que não tem conta exata e que rompe a regra da lógica. Nessa matemática você só aprende a multiplicar quando aprende a dividir, só consegue ganhar quando aprende a perder, só consegue receber, quando aprende a se doar”.

Cordialmente,

Colégio Liceu”