13/11/2019 - 11:03
“Como foi exatamente eu não tenho como falar, porque eu não estava no local. O boato é que ela estava parada na porta da escola, parou um carro branco, desceram três ‘malucos’ e um só deu os tiros. Acertou o ‘maluco’ (o adolescente morto) que queria acertar, mas acertou minha filha também”, disse Augusto.
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Augusto contou que a filha morava com a mãe, mas era muito ligada a ele. Na última vez em que estiveram juntos, há três semanas, Ketellen brincava na piscina na casa do pai. Ele se lembra, emocionado, da despedida: “A última vez que a vi, ela estava brincando na piscina, no quintal, ficou sentada no meu colo, entrou dentro de casa e depois falou: ‘Pai, vou embora com a mamãe’. Eu falei: ‘Tá bom. Aqui a xuxinha, dei banho nela e prendi o cabelo dela”.
Ketellen só queria aproveitar a infância como qualquer menina de sua idade. “Gostava de brincar de boneca””, lembrou o pai. “Eu também tenho uma filha mais velha, sendo que ela era a mais agarrada comigo. Sempre que ela ia lá pra casa, a mais velha ficava brincando e ela só queria ficar agarrada comigo vendo televisão, dormia agarrada… Era só assim”, acrescentou.
Apesar da idade de quem tinha uma vida inteira pela frente, demonstrava ser uma criança madura e sensível. “Quando era mais nova, era bem levada, mas quando foi crescendo, acho que ela foi criando maturidade. Quando ela via alguém triste, fazia carinho no rosto, ficava beijando toda hora”, comentou Augusto. A irmã de Ketellen já soube da fatalidade. Segundo o pai, “ela está com saudade”.
Além da menina vitimada em Realengo, morreram da mesma forma Ágatha Félix, de 8 anos (no Alemão); Kauê dos Santos, de 12 anos (baleado em operação policial no Chapadão); Kauê Rozário, de 11 anos (Vila Aliança); Kauã Peixoto, de 12 anos (morto durante confronto entre policiais e bandidos na Chatuba de Mesquita); e Jenifer Gomes, de 11 anos, ferida por tiro em Triagem.