O Clube Atlético Mineiro é agora – e finalmente! – uma Sociedade Anônima de Futebol (SAF). Após mais de dois anos de projeto, muitas negociações, intermináveis idas e vindas, barreiras que muitas vezes pareciam intransponíveis e uma dose gigantesca de paciência e resiliência por parte dos atuais dirigentes do Clube, Bruno Muzzi, o CEO do Galo, anunciou, inclusive, que já recebeu dos investidores um depósito de 500 milhões de reais (de um total de 600 milhões previstos inicialmente).

O modelo pactuado entre associação esportiva e empresários é o melhor e maior do País até o momento, envolvendo ativos totais de mais de 2 bilhões de reais. Além dessa monumental quantidade de dinheiro, o Atlético terá 25% de participação na sociedade, porcentual que jamais será diminuído, ou diluído, sem a expressa concordância do Conselho Deliberativo do Clube, uma garantia inédita, fruto do mais nobre espírito atleticano dos investidores, já que o Galo está desobrigado a qualquer novo aporte.

A parcela restante de 75% pertence a Galo Holding, dividida em quatro partes: Família Menin (76%), Ricardo Guimarães (11%), Fip Galo Rei, do Banco Master (12%) e Fundo de Investimento do Galo, ou FIGA, (1%). Este grupo será responsável por um aporte total de 916 milhões de reais, incluindo 316 milhões de reais em conversão de dívidas, e será representado por Rubens Menin, Renato Salvador, Ricardo Guimarães e Marcelo Patrus.

VIDA NOVA

Vivendo dias positivos dentro de campo, o Atlético inicia uma nova era a partir de agora, senão com dinheiro sobrando, ao menos com o caixa controlado e perspectiva de dívida declinante (sobretudo pagamento de juros). A Arena MRV segue melhorando a operação a cada jogo e, ato contínuo, a própria rentabilidade. A agenda de eventos em 2024 promete trazer muita receita e visibilidade para o estádio, que terá de adequar gramado, instalações e calendário de jogos.

Há quase quatro anos, quatro parceiros inseparáveis decidiram unir-se e não medir esforços para, literalmente, salvar o Atlético. Desde então conhecidos como 4 Rs (Rubens e Rafael Menin, Ricardo Guimarães e Renato Salvador), estes senhores reuniram uma equipe de excelência (Sergio Coelho, José Murilo Procópio, Bruno Muzzi, Pedro Tavares e Cia) e mudaram, para sempre, a vida do Clube e de quase 9 milhões de devotos atleticanos.

Da eliminação da Copa do Brasil em 2020, para o modesto Afogados, de Pernambuco, o Galo saltou para um honroso 3º lugar no Brasileirão (a míseros três pontos do campeão), um Campeonato Brasileiro (Bi), uma Copa do Brasil (também Bi), uma Supercopa do Brasil (inédita), um Tetra-Campeonato Mineiro (após 40 anos), o Tri-Campeonato Brasileiro (reconhecimento do título de 1937), a liderança nacional de pontos ganhos no Campeonato Brasileiro (desde 2020), além, é claro, de uma SAF e um estádio próprio.

O FUTURO

O atleticano mais otimista, se sincero, irá admitir que jamais imaginou algo assim. O melhor é saber, é ter a mais absoluta certeza de que os tempos de dirigentes irresponsáveis (sabidamente corruptos) e boquirrotos, que usavam o Galo em benefício próprio, ficaram para trás. É saber que empresários de extremo sucesso em seus segmentos, idôneos, atleticanos que vivem e trabalham em BH, que promovem trabalhos sociais da mais alta relevância estarão à frente do Atlético.

Neste sentido, mais que oportuno lembrar do Instituto Galo, majestosamente tocado pela presidente Maria Alice Coelho, esposa do presidente do Atlético, Sergio Coelho, que, ao invés de servir-se do Clube, viajando mundo afora com o dinheiro dos atleticanos (como no passado recente do CAM), doa seu tempo em prol de milhares de crianças, idosos, deficientes físicos e vulneráveis, servindo de exemplo para outros clubes, mostrando que o futebol pode – e deve! – ser indutor de responsabilidade social. Em tempo: uma menção honrosa para outro gigante do Instituto Galo, o incansável Márcio André.

O fim do ano se avizinha e 2024 trará grandes mudanças ao Atlético, administrativamente e esportivamente. A expectativa da torcida é ter na SAF a mesma governança corporativa de excelência que os acionistas têm em suas empresas, e a partir daí, com um elenco de futebol renovado (com responsabilidade!!), estar sempre – como estamos – no topo do futebol sul-americano.

ENCERRO

Confesso que estou, sim, otimista. Vislumbra-se um equilíbrio bastante interessante na composição do futuro Conselho da SAF. Teremos, provavelmente, a liderança de Rubens Menin; o arrojo de Daniel Vorcaro; a antevisão de Ricardo Guimarães; a discrição e serenidade ímpares de Renato Salvador; a precisão de Marcelo Patrus e, quem sabe?, a mais fiel representação do que é ser atleticano (e negociador como jamais vi), Sergio Coelho. Com um time destes, se der errado, eu como o mouse e o teclado que utilizo para escrever.