As cinco pessoas que morreram na explosão em um prédio na zona norte do Rio não teriam apresentado lesões e fraturas nos corpos. De acordo com a Defesa Civil do município, não houve desabamento das paredes do edifício, situado em um conjunto habitacional em Fazenda Botafogo. Apenas o piso cedeu com a explosão.

A definição da causa das mortes é de responsabilidade do Instituto Médico Legal (IML). Vizinhos e moradores do prédio atingido relatam um forte cheiro de gás nos últimos dias. A falta de ferimentos nos cadáveres pode ser um indício de morte provocada por inalação de gás. Os bombeiros atualizaram o número de feridos: seriam nove, alguns em estado grave – antes falava-se em 13 feridos.

O prefeito Eduardo Paes (PMDB) esteve no condomínio pela manhã. Foi vaiado ao chegar. Ele se reuniu com moradores do bloco mais afetado pela explosão e saiu sem dar entrevistas.

O subsecretário municipal da Defesa Civil, Marcio Motta, disse que equipes estão limpando o térreo para verificar o que há sob o piso destruído. O térreo afundou cerca de meio metro. “Estamos liberando os moradores aos poucos para buscar pertences mais urgentes, como remédios. Mas o prédio está interditado por tempo indeterminado”, disse.

Mais cedo, a Defesa Civil havia anunciado que o bloco ameaçava ruir. Motta desmentiu essa possibilidade. Mesmo assim, o prédio está interditado por tempo indeterminado.

Moradores e vizinhos relataram uma “chuva de pedras” após a explosão, ocorrida por volta das 5h desta terça-feira, 5. A área está coberta por escombros de concreto e cimento e estilhaços das janelas destruídas.

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“Eu tinha acabado de colocar o pé na calçada para ir ao trabalho quando ouvi o estrondo. Minha única reação foi abaixar e esperar o fim do barulho e das pedras caindo sobre a rua. Logo que levantei vi várias pessoas saindo do prédio desesperadas, algumas ensanguentadas”, disse o servidor público Luiz Carlos Santos Martins, de 34 anos, morador do bloco ao lado do local da explosão.

A força da explosão afundou o térreo do prédio, conta o técnico em eletrônica Tácito Ferreira, de 35 anos. Ele mora no segundo andar do bloco que explodiu. “Estou com as janelas e portas quebradas. Mas estava escuro e ainda não deu para avaliar o prejuízo. Só deu para pegar alguns documentos. Ainda bem que minha mulher e minha sogra tiveram apenas ferimentos leves”, afirmou.

A aposentada Marina de Carvalho, de 76 anos, ainda vestia camisola às 10h. Ela não teve tempo para trocar de roupa antes de deixar o apartamento no quinto andar. “Quero pegar pelo menos meus remédios. Não consegui pensar nisso na hora do desespero”, disse.

Com o prédio interditado pela Defesa Civil, Marina vai ficar na casa da filha, também no conjunto habitacional, mas em outro bloco.

Maria José Mufalani, de 58 anos, garantiu ter feito seguidos contatos com a Companhia Estadual de Gás (CEG) para averiguar a razão de aquele trecho do condomínio estar tomado por cheiro de gás nos últimos meses. “Eu pedi para mudar a tubulação mas a resposta deles é que esse serviço custaria R$ 1,5 mil. Eu não posso pagar isso é também não adiantaria resolver só meu problema. Tinha que trocar a tubulação do prédio todo”, disse. Ela mora em um bloco vizinho ao da explosão.

Os feridos seguiram para os hospitais Alberto Schwitzar, Carlos Chagas e Getúlio Vargas. Ainda não havia sido possível identificar todos os mortos até o fim da manhã: morreram Rosane A. Oliveira, de 55 anos e Francisco G. Oliveira, também de 55, que eram casados; uma menina de cerca de 13 anos, ainda não identificada; um homem chamado José, de 85 anos; e uma mulher adulta também não identificada.

Até o momento, a hipótese mais considerada pelos técnicos da Defesa Civil e do Corpo de Bombeiros é de que a tubulação subterrânea de gás, que passa diretamente sob o apartamento térreo do prédio, explodiu por causa de um vazamento.

CEG

A gerente de Gestão de Rede da Companhia Estadual de Gás (CEG), Cristiane Delart, afirmou que, dos 40 apartamentos no prédio onde houve explosão, 19 utilizam o serviço de gás encanado.

“Os outros 21 apartamentos podem usar outro tipo de fornecimento e isso inviabiliza qualquer conclusão neste momento”, disse.

A companhia foi duramente criticada pelo prefeito Eduardo Paes na manhã desta terça-feira. Ele acusou a concessionária de omissão no atendimento. Os moradores e vizinhos também disseram que a CEG foi chamada várias vezes para resolver problemas relacionados ao forte cheiro de gás no condomínio.


“Nós registramos quatro chamados dos moradores do prédio onde houve explosão, no mês de março. Todos foram imediatamente resolvidos. Em dezembro, também vistoriamos toda a rede que abastece o imóvel e não identificamos nenhum escapamento na distribuição de gás”, afirmou a gerente.


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