Os primeiros programas eleitorais de televisão para a prefeitura do Rio de Janeiro, exibidos nesta sexta-feira, 30, reforçaram a ideia de que a disputa ainda não “esquentou” na cidade, onde o incumbente Eduardo Paes (PSD) registra ampla vantagem nas pesquisas de intenções de voto e os adversários ainda estudam estratégias para reforçar a rejeição ao prefeito.

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Tarcísio Motta (PSOL)

O deputado federal usou seus 27 segundos de TV para estabelecer uma relação de contradição entre a desigualdade social na capital fluminense diante do “maior orçamento da história da prefeitura” sob a gestão de Eduardo Paes. Motta, que já concorreu ao governo do estado contra o prefeito, havia antecipado ao site IstoÉ que, embora tenha as candidaturas da “extrema direita” como principais adversárias no pleito, pretendia mirar em Paes para “discutir as questões da cidade” na campanha.

Ocupando todo o tempo de tela, o psolista também prometeu abrir restaurantes populares que servem comida “mais barata e sem veneno”, produzida pelo MST (Movimento dos Trabalhadores Sem Terra).

Alexandre Ramagem (PL)

Ainda pouco conhecido do eleitorado (55% não conhecem o candidato, segundo pesquisa Quaest divulgada nesta quarta, 28), Ramagem ocupou os 3 minutos e 28 de seu programa inaugural — ele lidera no tempo de propaganda — para se apresentar.

O deputado afirmou que ter sido vítima de um assalto aos 20 anos, episódio em que levou um tiro, foi a motivação para “fazer Justiça” e virar delegado da Polícia Federal, e vinculou sua imagem ao combate à criminalidade, problema histórico do Rio de Janeiro. “Dediquei minha vida a perseguir bandidos e proteger pessoas”, disse.

Ainda mencionou ter apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), mas não citou a Abin (Agência Brasileira de Inteligência), órgão que dirigiu no governo do padrinho político, quando um esquema ilegal de espionagem de adversários políticos foi promovido na agência. Por fim, buscou o desgaste de Eduardo Paes, que tenta se eleger prefeito pela quarta vez, ao afirmar que a cidade não vai mudar “com os mesmos políticos de sempre”.

Rodrigo Amorim (União Brasil)

Embora não tenha apoio de Bolsonaro, Amorim apostou num discurso alinhado ao do ex-presidente para buscar terreno na faixa do eleitorado que hoje está propensa a votar em Ramagem. O deputado estadual reproduziu trechos de seus discursos na Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro) — em um deles, afirma que a esquerda terá “dias difíceis” na Casa — e embates com parlamentares de outros espectros políticos, sob uma trilha agressiva.

Em um trecho menor de depoimento, prometeu “restaurar a ordem” no município e foi o único candidato a dar voz ao vice, o também deputado Fred Pacheco (Mobiliza).

Eduardo Paes (PSD)

O prefeito preservou a estratégia de campanha de evitar a nacionalização da disputa — Paes tem apoio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), mas Bolsonaro teve maioria dos votos na cidade nas eleições presidenciais de 2022 –, e defendeu marcas de sua gestão, como o ajuste fiscal das contas da prefeitura e o BRT (um ônibus de trânsito rápido).

Além de não fazer alusões a adversários ou padrinhos políticos, o prefeito também reforçou símbolos de sua imagem política, como o tom casual — apareceu em casa, cercado de porta-retratos e decorações cariocas — e a menção ao carinho que tem pelo cargo que ocupa pela terceira vez.

Marcelo Queiroz (PP)

Eleito deputado federal com o mote da proteção aos animais, “dobrou a aposta” na causa em 1 minuto e 22 segundos de programa, ostentando um cachorro animado e fazendo uma contagem regressiva com o popular vira-lata caramelo. Ainda prometeu defender “os cariocas e os animais” à frente da prefeitura.