VENEZA, 4 MAI (ANSA) – Um jardim misterioso para se esquecer da Veneza dos turistas, que lotam as ruas do centro histórico em todas as estações do ano, e poder apreciar o silêncio de um percurso de beleza mística. A propor essa atividade são os padres carmelitas da Igreja de Santa Maria di Nazareth, conhecida como a “dos descalços”, que se encontra a poucos passos da estação ferroviária da cidade. Os religiosos decidiram abrir as portas do belíssimo jardim do complexo monumental do século 17, trabalho do barroco tardio veneziano e inspirado no carisma dos carmelitas e na história da Ordem, e transformá-lo em um lugar de paz aberto a todos, onde a rainha é planta melissa, da qual vem destilada desde 1710 uma refrescante água para os hóspedes, citada até na comédia “Loncandiera”, de Carlo Goldoni. O jardim, restaurado para a ocasião com a colaboração do arquiteto Giorgio Forti, ficará aberto todos os anos de abril a outubro e até o momento já foi visitado por ao menos 700 pessoas. O espaço também conta com a ajuda de voluntários, que decidiram fazer um percurso guiado, contando para os turistas e para os moradores locais as curiosidades sobre a área, sobre a construção da igreja e, principalmente, sobre as várias plantas que podem ser encontradas no jardim e suas propriedades medicinais. Segundo uma das guias do local, Alessandra Massignati, as visitas são feitas sobretudo para “grupos de turistas italianos e estrangeiros, em prevalência dos alemães, mas também para estudantes de escolas e moradores que não tinham conhecimento deste pequeno ‘tesouro’ verde localizado no centro histórico”. “Conduzindo os hóspedes ao interior deste espaço, quero que eles se sintam os protagonistas de um livro sobre natureza, porque a natureza, como afirmava também [Charles] Baudelaire, é um templo e há colônias que vivem nela. O jardim se tornou um lugar que permite reencontrar a beleza da alma, do poder se entreter com o Senhor e aproveitar a Sua presença”, concluiu Massignati. (ANSA)