Pacientes com Covid-19 começaram a ser transferidos nesta sexta-feira (15) do estado do Amazonas para outros oito estados do Brasil devido ao colapso do sistema de saúde após o aumento explosivo de infecções, que tem deixado hospitais sem oxigênio.

Os primeiros nove pacientes, dos 235 previstos, saíram da capital Manaus de madrugada para o estado do Piauí em um voo das Forças Armadas, informaram autoridades locais. Outros voos estão programados durante o dia, informou o Ministério da Defesa.

O estado do Amazonas foi um dos mais afetados na primeira onda da pandemia, com caminhões refrigerados habilitados para a preservação dos corpos que aguardavam sepultamento. A situação voltou a piorar drasticamente nas últimas semanas.

Os temores aumentaram com a identificação da região como origem de uma variante brasileira do vírus, que os cientistas dizem ser mais contagiosa. O governo atribui a essa variante o forte repique da pandemia no Amazonas, cuja taxa de mortalidade, de 143 por 100 mil habitantes, é uma das três mais altas entre os 27 unidades federativas do país.

Na quinta-feira, imagens de pessoas carregando tanques de oxigênio para hospitais e pacientes reclamando da falta de assistência médica indignaram os brasileiros e multiplicaram as críticas ao presidente Jair Bolsonaro e sua gestão da pandemia, que já deixou mais de 207 mil mortos no Brasil, número superado apenas pelos Estados Unidos.

O presidente, cético em relação ao vírus e que confrontou os governadores sobre as medidas de quarentena, evitou qualquer responsabilidade nesta sexta-feira.

“Terrível o problema em Manaus. Agora, nós fizemos a nossa parte”, declarou.

Nesta sexta-feira entra em vigor o toque de recolher noturno imposto pelas autoridades estaduais por dez dias para tentar dobrar a curva de mortes e infecções.

De madrugada, chegou o último avião das Forças Armadas carregado com nove cilindros de oxigênio para a rede hospitalar pública, somando-se aos mais de 400 enviados nos últimos cinco dias.

O país se prepara para iniciar a campanha de vacinação contra a covid-19 neste mês, mas o governo ainda não definiu uma data precisa porque aguarda o órgão regulador sanitário autorizar pela primeira vez o uso dos imunizantes.

Na noite desta sexta-feira, um avião comercial deve partir com um dia de atraso para a Índia para coletar dois milhões de doses da vacina AstraZeneca / Oxford, uma das duas para as quais foram solicitadas autorização para uso emergencial no Brasil.

A outra é a vacina CoronaVac, produzida pelo laboratório chinês Sinovac, em colaboração com o Instituto Butantan.